Arrecadação de SP terá queda de R$ 10 bilhões em três meses, diz Doria
Compartilhe

Governador anuncia medidas de corte de gastos e faz apelo ao Senado pela aprovação do pacote de socorro aos Estados

O governador argumentou que, diante do quadro, acionou uma equipe no governo, liderada pelo vice-governador, Rodrigo Garcia (DEM), e pelo secretário de Fazenda, Henrique Meirelles, para definirem um programa de contenção de gastos em toda a administração estadual.

Segundo o governador, as primeiras medidas de corte de gastos já resultou numa economia de R$ 2,3 bilhões.

“Precisamos guardar e separar recursos para a saúde e segurança pública neste momento”, afirmou Doria.

O vice-governador reiterou a necessidade de medidas de austeridade fiscal exatamente para ter maiores condições financeiras de investir no setor da saúde.

Mensalmente, mostrou Garcia, São Paulo tem R$ 12 bilhões em despesas. Se nenhuma medida de corte fosse implementada, salientou, o Estado chegaria com déficit de R$ 4 bilhões em junho.

Ele esclareceu que dois decretos publicados pelo governo estadual vão regulamentar a redução de custeio da máquina em 20% nos próximos três meses. Reajustes salariais e concessão de bônus foram suspensos pelo governo estadual. Garcia explicou que cortes salariais de servidores públicos só poderiam ser implementados se houver uma regulação do governo federal.

Pacote de socorro

Na entrevista, Doria fez outro contraponto ao presidente Jair Bolsonaro. Agradeceu aos 431 deputados federais que votaram a favor do plano emergencial de socorro a Estados e municípios, apelidado de “novo Plano Mansueto”.

Esse pacote terá impacto fiscal de R$ 89,6 bilhões e poderá ser vetado pelo presidente Jair Bolsonaro. O texto seguiu para análise do Senado e não conta com apoio da equipe econômica, da forma como está.

“Quatrocentos e trinta e um deputados que votaram favoravelmente ao projeto de lei que apoia Estados e municípios”, disse. O governador fez questão de enfatizar que os 70 deputados que votaram contra o projeto “curiosamente são parlamentares vinculados ao governo do presidente Jair Bolsonaro”.

Doria disse ter “convicção” de que o Senado Federal “cumprirá esse mesmo papel”. “Os senadores terão ato humanitário para reconhecer a gravidade desta pandemia”, afirmou.

Isolamento social

O governador iniciou a entrevista coletiva desta terça-feira agradecendo aos profissionais de saúde, dos setores público e privado, pelo empenho no combate à covid-19. Ele reiterou apelos para que a população mantenha o isolamento social e contou a história de uma mulher, contaminada, que foi submetida ontem a uma cesárea de emergência no Hospital das Clínicas, em São Paulo.

A mãe, segundo Doria, estava em estado gravíssimo e os médicos optaram pela cirurgia. “A bebê está bem, na UTI neonatal do hospital. A mãe está em estado grave, respirando por ventilador. É um exemplo da importância do trabalho, da seriedade e do esforço dos profissionais de saúde”, disse o governador.

“Coronavírus não escolhe classe social nem ideologia política. Não escolhe cidadão do bem nem do mal. Atinge a todos”, afirmou Doria, insistindo no isolamento. “Se não tivermos a colaboração da maioria da população, muitos vão sofrer, muitos perderão suas vidas”, sentenciou.

Doria também anunciou a compra de 18 milhões de máscaras da China – 15 milhões cirúrgicas e 3 milhões do tipo N95 (indicadas para profissionais de saúde que trabalham em locais de alto índice de contaminação) – e aproveitou para afirmar que as relações do Estado com o governo chinês “seguem extraordinariamente fluidas”.

O questionamento foi feito pelo fato de integrantes do governo federal terem provocado um desgaste com a China na semana passada. No dia 6 de abril, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, publicou uma piada sobre o país que provocou mal-estar e a reação da Embaixada da China no Brasil. O ministro insinuou que a China está lucrando com a pandemia. A Embaixada considerou a manifestação do ministro absurda e racista.

“As relações do governo de São Paulo com a China ficaram intocáveis em todo esse período”, disse Doria. O governador relembrou que em agosto do ano passado o Estado abriu um escritório em Xangai. Segundo Doria, novos lotes de máscaras e respiradores já foram adquiridos da China, mas a data de chegada do material não será revelada, por motivos de segurança.


voltar