O volume de serviços prestados no país subiu 3,1% em 2024, após aumento de 2,9% em 2023, mostram os dados da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) divulgados nesta quarta-feira (12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Esta foi a quarta expansão anual seguida dos serviços no país. A sequência é inédita na série histórica da pesquisa, iniciada em 2012. As taxas de expansão foram de 10,9% em 2021, 8,3% em 2022 e de 2,9% em 2023. O ganho acumulado nesse período foi de 27,4%, após a queda de 7,8% em 2020, ano marcado pela pandemia.
A alta de 3,1% em 2024 foi menor que a mediana das estimativas de 14 consultorias e instituições financeiras ouvidas pelo Valor Data, de alta de 3,2%. As projeções eram de crescimento entre 3% e 3,5%. O resultado é o maior para um período de 12 meses desde novembro de 2023.
No mês de dezembro, no entanto, houve recuo de 0,5%. Além disso, o IBGE revisou o resultado de novembro, ante outubro, de uma queda de 0,9% para uma retração superior, de 1,4%.
A perda acumulada no último bimestre de 2024 é de 1,9%, queda reflete uma base de comparação elevada – após patamar recorde em outubro – e não parece ser momento de inflexão do setor, avaliou o gerente da PMS, Rodrigo Lobo. Ele considera “muito cedo” para comentar sobre o comportamento em 2025, mas o perfil observado no fim de 2024 sugere mais essa influência do recorde anterior.
“Óbvio que é muito cedo para traçar qualquer inferência sobre o comportamento de 2025, se é movimento de inflexão ou não. É mais natural ligar com a base de comparação elevada, pois o recorde da série da pesquisa foi em outubro”.
Sua análise é de que o movimento é “algo pontual”. “Não parece ser algo que vai mostrar movimento de inflexão nos próximos meses. […] Vejo mais uma perda em função da base de comparação elevada que inflexão”.
No caso de dezembro, a queda de 0,5% foi maior que a mediana de alta de 0,1% das estimativas do mercado. O intervalo das projeções ia de recuo de 2,2% a alta de 0,8%, segundo as projeções coletadas pelo Valor Data.
Na comparação com dezembro de 2023, o indicador teve alta de 2,4%.
A expectativa mediana para o resultado de dezembro de 2024 frente a dezembro de 2023 era de aumento de 3,4%, com estimativas de crescimento entre 0,5% e 5%.
Com o desempenho de dezembro, os serviços estão em patamar 15,6% superior ao do pré-pandemia, em fevereiro de 2020.
O IBGE informou ainda que a receita nominal caiu 0,8% na passagem entre novembro e dezembro. Na comparação com dezembro de 2023, a receita de serviços teve alta de 6,4%. Com o recuo de dezembro, o setor fechou 2024 com alta de 7,5% de sua receita nominal.
Resultado trimestral
O volume de serviços cresceu 0,8% no quarto trimestre de 2024, ante o terceiro trimestre. Essa foi a sétima alta seguida na série com ajuste sazonal, que compara o desempenho do trimestre com o trimestre imediatamente anterior.
A expansão de 0,8% no quarto trimestre ocorre apesar da queda acumulada de 1,9% do setor nos meses de novembro e dezembro. “A alta de 0,8% no trimestre vem mesmo com duas quedas, em novembro e dezembro. O mês de outubro de 2024 foi o pico da série histórica da pesquisa, então traz um viés importante”, diz Lobo.
Frente ao quarto trimestre de 2023, o crescimento do trimestre de outubro a dezembro de 2024 foi de 3,7%. Nesta série da pesquisa com comparação anual, esta foi a 15ª taxa positiva seguida. Neste caso, aponta Lobo, há aceleração do ritmo de alta ao longo de 2024.
As taxas foram de 2,5% no primeiro trimestre de 2024; 2,8% no segundo trimestre; e de 2,8% no terceiro trimestre.
Atividades
Quatro das cinco atividades acompanhadas pela PMS tiveram alta em 2024, ante 2023. A única exceção foi o segmento de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio, que recuou 0,7%. Nos últimos anos, este ramo de serviços vinha crescendo graças ao avanço do e-commerce e ao transporte de safras agrícolas recordes.
Em 2024, dois segmentos dividiram a liderança com as taxas mais intensas de crescimento: serviços de informação e comunicação e serviços profissionais, administrativos e complementares. Ambos registraram aumento de 6,2% do volume de serviços prestados.
Os serviços prestados às famílias, por sua vez, avançaram 4,4% enquanto o segmento de outros serviços subiu 1,1%.
No resultado do mês de dezembro, foram três das cinco atividades em queda ante novembro. Nesta base de comparação, os serviços recuaram 0,5% na média. A retração mais intensa foi de outros serviços (-4,2%), seguida por serviços de informação e comunicação (-0,7%); serviços profissionais, administrativos e complementares (-0,7%).
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