Sem conseguir resistir a crise
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Diversas empresas não suportaram os reflexos da pandemia e tiveram que encerrar suas atividades

*Por Raquel Serini

O encerramento de uma empresa não é fácil. Além dos recursos financeiros perdidos, esse processo envolve também uma dolorosa discussão sobre empregos, dívidas, cuidados com a equipe e a frustração dos fundadores.

Dados recentes divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), colhidos por meio da Pesquisa “Pulso Empresas”, apuraram que mais de 700 mil pequenos negócios encerraram as atividades em definitivo durante pandemia. Estes dados foram obtidos entre o início de março e a primeira quinzena de junho de 2020. A pesquisa revelou também que as pequenas empresas – aquelas com até 49 funcionários – representam 99,8% dos negócios encerrados.

É fato que a crise atingiu todos os setores e seus efeitos negativos puderam ser sentidos no curto prazo. Em média 38% das empresas fecharam por causa da pandemia, outros 60% por outros motivos e 2% não souberam responder.

Só que ao observar que 334.323 empresas de prestação de serviços encerraram suas atividades definitivamente, podemos considerar este setor como o mais afetado. Em termos relativos, mais de 1 milhão de prestadores se mantiveram em funcionamento mesmo que parcialmente, em contrapartida 322.281 empresas fecharam as portas temporariamente.

Já os estabelecimentos comerciais ficaram em segundo lugar nessa avaliação, mais de 1,2 milhão empresas estiveram em funcionamento parcial, 208.507 empresas fecharam as portas temporariamente, enquanto 261.589 delas de forma permanente encerraram suas atividades.

Regionalmente os resultados se apresentam da seguinte forma:    no Sudeste os efeitos foram mais agressivos, 35% das empresas encerraram suas atividades, definitiva ou temporariamente, enquanto 65% delas mantiveram as operações mesmo que parcialmente. Já a região Centro-Oeste foi a menos afetada diretamente, sua atividade econômica retraiu em apenas 24% (entre pontos fechados temporariamente e definitivamente) contra 76% de funcionamento parcial.

E PARA AS TRANSPORTADORAS, QUAL FOI O IMPACTO?

Apesar do setor estar apresentado ligeira melhora no volume de serviços prestados nos últimos meses, essa variação deve ser analisada com cautela. O indicador a seguir mostra que, 36% das empresas encerraram suas atividades nesse período de crise global. Os outros 63% se mantiveram em funcionamento, mesmo que parcial. Sem dizer que 48% delas tiveram dificuldades para atender seus clientes, devido à falta de equipamento, acesso a insumos ou mão de obra disponível.

Outro fator preocupante, apontado na pesquisa, foi sobre a redução da capacidade de realizar pagamentos de rotina. Mesmo em funcionamento, mais de 58% das empresas de transporte ou serviços auxiliares de transporte tiveram dificuldades no caixa. O que fez com que muitas delas, tivessem que se reinventar ou lançar mão de medidas alternativas na hora de gerenciar seus negócios, como: alterar métodos de entrega ou lançar novos serviços, solicitar linhas de crédito emergenciais, antecipar férias, adotar home office, e até mesmo, adiar o pagamento de impostos.

Estima-se que 41% das empresas de transporte em funcionamento adiaram o pagamento de impostos desde início de março, sendo que pouco menos da metade considerou ter recebido apoio do governo na adoção dessa medida. Aproximadamente 7,9% das empresas conseguiram crédito emergencial para pagamento da folha salarial, desde o início da pandemia. Desse total, quase seis em cada dez, consideraram ter tido apoio do governo na adoção dessa medida.

Por isso, uma dúvida fica no ar:  – O fechamento dessas empresas poderia ter sido evitado pelo governo?

Quando você analisa a questão do auxílio para as pequenas e médias empresas, o tempo de resposta acabou sendo demorado. Isso ocorreu muito por conta de todo o processo burocrático da máquina pública. Por sua vez, quando o crédito chegou às pequenas empresas, ele foi travado pelos bancos e suas restrições de análise de crédito, aumentando assim, as dificuldades de muitas empresas em conseguirem seus auxílios.

De qualquer forma, o setor ainda está muito fragilizado com os últimos acontecimentos, assim como a economia por completo. Esperamos que para os próximos meses haja uma melhora ainda mais expressiva na movimentação de carga que possa alavancar o desempenho do setor.


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