Projetos de infraestrutura vão trazer demanda por grandes riscos em 2020
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Os seguros de grandes riscos sentirão uma nova onda de crescimento a partir de 2020. A expectativa é que o melhor desempenho da economia e a aprovação da Previdência impulsionem novos projetos de infraestrutura e a maior demanda pelas empresas.

Segundo os especialistas entrevistados, as principais buscas pelo produto devem vir por meio das coberturas de garantia, responsabilidade civil e riscos de engenharia e de grandes obras.

“Esse mercado tem avançado pouco nos últimos anos. Mas nesse primeiro semestre já observamos um crescimento importante, principalmente vindo de garantias judiciais e D&O [seguros de responsabilidade civil para altos executivos]”, disse o diretor executivo de subscrição para a América Latina da Zurich, José Bailone.

Os últimos dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep) apontam que, dentre os produtos relacionados, o maior crescimento vem por parte das coberturas relacionadas a riscos de engenharia, que mais do que dobraram (+151,6%) o volume em prêmios diretos em maio deste ano, ante igual mês de 2018, de R$ 18,2 milhões para R$ 45,8 milhões.

Em seguida, as apólices de D&O avançaram 73,9% na mesma comparação, de R$ 22 milhões para R$ 38,3 milhões, e os seguros multirriscos empresariais, com um aumento de 13,2%, de R$ 200,7 milhões para R$ 227,2 milhões. Os seguros de garantia, um dos principais produtos relacionados a grandes riscos, por outro lado, ainda não sentiram os impactos do crescimento.

“E isso se deve a dois motivos principais”, avalia o diretor de gerenciamento de risco da Marsh Brasil, Javier Duran.

“O primeiro é porque a grande maioria dos contratos ainda está vigente. O segundo é que, pela ausência de investimentos, também temos visto poucos projetos de grande envergadura no mercado. Seja pela situação fiscal do País, pela dificuldade de licenciamento e financiamento ou até mesmo pela ausência de projetos de engenharia de qualidade”, acrescentou o executivo.

As coberturas de garantia normalmente contemplam cinco ramos principais: garantias financeiras, judiciais, de obrigações públicas, de obrigações privadas e de concessões públicas. Em maio, conforme informações da Susep, as modalidades totalizaram R$ 39,8 milhões em prêmios diretos, um recuo de 95,2% frente ao mesmo mês de 2018, quando somavam R$ 829 milhões.

Para o diretor de infraestrutura da Marsh Brasil, André Dabus, ainda que essa queda seja normal ante o atual momento do País, alguns pontos legais também precisam ser revistos e avaliados.

“Vivemos uma abstinência de projetos de infraestrutura há muitos anos e é natural que o mercado tenha certa paralisia. Mas, nesse ambiente de reformas, um aspecto importante a ser analisado é a segurança jurídica. Sem a qual, o investidor privado não toma decisões”, ponderou.

Ele reitera que o primeiro passo foi dado com a revisão da lei das licitações e a ampliação dos percentuais de garantias nos contratos públicos, que foram de 5% a 10%, para um patamar entre 5% e 30%.

“Não é a mudança de um único aspecto da lei que dará a segurança jurídica, mas sim a revisão do arcabouço legal. Após a lei das licitações teremos também a estruturação das PPPs [Parcerias Público-Privadas]. É uma lacuna que não será preenchida do dia para a noite, mas que precisa de atenção”, acrescenta.

“A expectativa é de melhora já nesse segundo semestre, mas todos ainda estão esperando pelo que vai acontecer. O maior otimismo é para 2020”, completa Bailone.

Segurança digital

Outro produto visto com bons olhos pelos executivos entrevistados é o seguro de riscos cibernéticos, no mercado desde janeiro. Só neste ano até maio, a apólice soma R$ 4,8 milhões em prêmios diretos.

“Depois da LGPD [Lei Geral de Proteção de Dados], a procura pelo produto subiu bastante. É uma curva de crescimento que evoluirá conforme essa discussão se torne ainda mais evidente”, conclui Duran.


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