Inaugurado com 23 anos de atraso, viaduto retrata descaso de governos
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21 de Maio de 2008 – 10h00 horas / Gazeta Mercantil
Concluído 23 anos após o previsto, um viaduto sobre a Fernão Dias, na divisa entre a zona norte de São Paulo e Guarulhos, simboliza o apagão da infra-estrutura. A obra liga a rodovia ao Terminal de Cargas, por onde circulam diariamente 10 mil caminhões vindos de todo o País. Durante duas décadas, essa massa de veículos de grande porte teve que circundar por bairros vizinhos, sobrecarregando o tráfego local, para conseguir acessar o terminal. Pesados, poluíam e prejudicavam a mobilidade de cerca de 600 mil pessoas.
Ao custo de R$ 10 milhões, o esqueleto do viaduto foi recuperado e inaugurado 20 dias atrás. Além do terminal de cargas Fernão Dias, ele também passa a melhorar o acesso a várias empresas, residências e shopping no município de Guarulhos, que fez parceria com a Prefeitura de São – administração pública brasileira em responder as necessidades da sociedade no tempo correto“, afirmou o ex-presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Carga do Estado de São Paulo (Setcesp), Urubatan Helou. “Um terminal de cargas foi construído às margens da rodovia para facilitar a saída e entrada de caminhões, mas faltou o acesso, uma coisa básica.“
Para Helou, que também é empresário do setor de transportes – é o fundador da Braspress, uma das maiores operadoras de cargas fracionadas do País – a conclusão da obra, 23 anos após o previsto, pode deixar o viaduto sem a capacidade de atender o atual volume de tráfego. “Quando ele foi projetado, era para atender 3 mil veículos por dia. Atualmente, temos circulando na região cerca de 10 mil caminhões“, afirmou.
O viaduto deveria ter sido concluído com a duplicação da rodovia Fernão Dias, que também levou 15 anos para ser totalmente duplicada – o prazo inicial era de dois anos para a ampliação da rodovia que liga Belo Horizonte a São Paulo. As obras de duplicação no perímetro urbano foram concluídas há mais de dez anos, mas o acesso para o terminal de cargas foi esquecido.
A finalização do viaduto só foi retomada no ano passado após uma parceria entre o governo federal e as prefeituras de Guarulhos e de São Paulo, que garantiu os recursos necessários para a construção das alças de acesso ao viaduto sobre a rodovia Fernão Dias, no km 89. As alças também permitirão a interligação do Terminal de Cargas com as regiões norte e sul do Estado pelas rodovias Fernão Dias e Presidente Dutra.
“Não podemos negar que a obra chegou com um atraso muito grande“, afirmou o secretário municipal de Obras de Guarulhos, João Marques Neto. “Em Guarulhos, prejudicou por vários anos a população e até interferiu na ocupação territorial da cidade“. Para ele, o viaduto atende as necessidades do volume de tráfego atual na região.
Concentração de empresas
Para Marques Neto, os caminhoneiros não terão mais de enfrentar o trânsito caótico para entregar suas cargas, enquanto as prefeituras terão os custos com manutenção do pavimento diminuídos. Segundo dados do Sindicato das Empresas Transportadoras de Carga do Estado de São Paulo, cerca de 60% das empresas de transporte estão situadas naquela região.
Inicialmente, o projeto teve custo de R$ 7,2 milhões financiados pelo Ministério dos Transportes. Durante a execução, houve um aditivo de R$ 1,8 milhão, por conta da construção de galerias da Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista CTEEP) para evitar o rompimento dos cabos de energia elétrica durante o trânsito dos caminhões. Na região, passam cabos de 300 mil volts de três companhias diferentes (Eletropaulo, CTEEP e Bandeirante). Os pesados cabos tiveram de ser soterrados para evitar acidentes com cargas altas. Asfalto, guias e sarjetas
Segundo o secretário de Guarulhos, as obras melhoraram o asfaltamento e introduziram guias e sarjetas. O projeto estabeleceu drenagem das águas pluviais, prevendo o mínimo possível de lâmina d’água na pista. Também houve um estudo sobre o comportamento dos veículos leves e pesados, quando do efeito dinâmico nas curvas, aumentando a estabilidade, principalmente dos caminhões de cargas. O asfalto foi projetado para aumentar o atrito e, conseqüentemente, a aderência e a eficiência no momento de frenagem dos veículos.

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