Um problema assusta motoristas de todo o país e tem impacto na economia. Os roubos de cargas vêm aumentando, principalmente na região Sudeste. Só no Rio de Janeiro, esse crime subiu mais de 50% nos primeiros cinco meses deste ano. Imagens obtidas pelo Bom Dia Brasil mostram como as quadrilhas agem. (Link para o vídeo).
O homem que está no lugar do motorista é um bandido. “Vou passar por cima de você. Você vai ali. Pode ficar tranquilo, falou?”, diz. O caminhoneiro reassume a direção. O ladrão mostra que está armado. “Eu não vou fazer nada com você, falou filhote? Olha aqui, ó: tá apavorado?”, diz.
Um comparsa mostra o caminho pela estrada de terra. Enquanto o motorista continua no veículo, a mercadoria é roubada.
Em outro caso, o motorista e o auxiliar são surpreendidos por um bandido com um fuzil. Eles seguem o carro. Surgem muitos criminosos. Um deles carrega uma arma. Bandidos vestem roupas semelhantes a uniformes militares.
A Associação Nacional de Transporte de Cargas e Logística estima que, no ano passado, foram registrados cerca de 15 mil assaltos no país, que geraram prejuízo de R$ 1 bilhão. A maioria na região Sudeste.
De janeiro a maio, o Rio de Janeiro registrou aumento de 57% no número de ocorrências. Em São Paulo, o crescimento foi de 17%. Cigarros, alimentos, eletroeletrônicos e produtos farmacêuticos estão entre as cargas mais visadas. “Alguém paga esse prejuízo e ele é diluído ao longo da cadeia de valor e a ponta da cadeia de valor é o consumidor”, diz Luciano Medrado, do Sindicato de Transporte de Cargas/MG.
Em trechos de subida, a velocidade das carretas cai para 20km/h ou 30km/h. A maioria das abordagens acontece em situações assim, segundo a polícia. De carro, os bandidos se aproximam do caminhão e apontam armas pela janela. O motorista é obrigado a parar. E geralmente fica horas em poder das quadrilhas.
A freada brusca é a reação de um motorista que é obrigado a parar no acostamento. “Sai do carro. Sai, sai, sai”, diz o bandido está com um revólver e manda a vítima seguir um comparsa. “Eu sou pai de família, cara, por favor”, diz a vítima.” Os assaltantes começam a saquear a carga e obrigam o motorista a ajudar.
Quem trabalha na estrada quer mais segurança. “O policiamento tá pouco”, reclama um caminhoneiro.
A Polícia Rodoviária Federal diz que está criando grupos táticos para tentar combater os roubos nas estradas. Mas, os policiais admitem que há dificuldades porque as quadrilhas agem rapidamente. “Já sabe aonde vai descarregar essa carga, se vai ser um transbordo para outro veículo, se vai descarregar em algum depósito”, diz Aristides Júnior, da Polícia Rodoviária Federal.
Muitas empresas instalam aparelhos de monitoramento por satélite nos caminhões e nas cargas. Mas, quadrilhas têm usado um equipamento que bloqueiam sinais de localização.
A Polícia Civil tenta desarticular a outra ponta dessa cadeia. “Os receptadores dos grandes roubos falsificam notas, esquentam essa mercadoria, para passar para o consumidor final”, Hugo Arruda, delegado.
Depois de uma noite inteira em poder de bandidos, um caminhoneiro tenta retomar a rotina. “Eu fiquei mais ou menos uns 15 a 20 dias em casa. A gente fica traumatizado”, conta.
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