Dados de IPCA e emprego devem pressionar debate fiscal
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Após o debate em torno da meta fiscal ter esquentado no fim da última semana, com a decisão da Petrobras em não pagar dividendos extraordinários — anunciada na quinta-feira —, os indicadores previstos para os próximos dias devem manter as atenções voltadas para os rumos do orçamento federal.

Na terça-feira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) deve trazer a público o resultado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de fevereiro. Segundo as projeções levantadas pelo Valor Data, o indicador seguiu em aceleração e deve ter registrado alta de 0,78%, quase o dobro da taxa de 0,42% vista no primeiro mês do ano.

Se confirmado o resultado, o acumulado nos últimos 12 meses chegará a 4,44%, o que representa perda de ritmo em relação a janeiro (4,51%) e também coloca o índice dentro do limite máximo da meta de inflação do ano (4,5%).

Outro número que deve sair nos próximos dias é o de vagas com carteira assinada registradas em janeiro pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Em dezembro, o número decepcionou tanto na leitura mensal quanto na anual, quando a abertura de 1,48 milhão de vagas em 2023 ficou abaixo do estimado pelos analistas do mercado.

As pressões de curto prazo sobre a inflação e o mercado de trabalho devem guiar as discussões em torno da meta fiscal.

A equipe econômica tem se defendido com o argumento de que é necessário aguardar ao menos até o dia 22 de março, quando o relatório bimestral de receitas e despesas for divulgado, para se discutir a necessidade ou não de rever a ambição de déficit primário zero ainda em 2024.

A ministra do Planejamento, Simone Tebet, chegou a dizer na semana passada que está otimista e prevê a necessidade de um bloqueio orçamentário “bem menor” que os R$ 28 bilhões estimados anteriormente. “Estamos muito longe desse número”, afirmou.

Embora tenha visto suas previsões para arrecadação administrada pela Receita Federal se concretizarem, a equipe do ministro Fernando Haddad não tem conseguido evitar revezes. A decisão da Petrobras é o mais recente deles.

Conforme revelado pelos repórteres Estevão Taiar e Murillo Camarotto, a equipe econômica foi contra o não pagamento dos dividendos extraordinários, decisão que vai de encontro ao esforço fiscal do governo, que também é o principal acionista da empresa.

Para além das receitas, outras pistas sobre os rumos que terão de ser tomados pelo governo virão das primeiras pesquisas de atividade do ano, que devem ser publicadas pelo IBGE.

Depois da retração de 1,6% da indústria em janeiro, o instituto traz a público nesta semana os números da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), com o desempenho do varejo, e da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS). Ambas são relativas ao primeiro mês do ano.

O recuo da indústria — próximo ao que era previsto pelos economistas — foi insuficiente para desfazer o otimismo dos analistas em relação ao setor para 2024.


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