Missão Japão: como a revolução das IAs generativas pode afetar o setor transportador
Compartilhe

O uso de inteligências artificiais generativas tem proporcionado uma economia média de 3h30 por semana, nas rotinas corporativas. O dado é resultado de um levantamento conduzido pelo IMD (International Institute for Management Development) sobre a adoção dessas tecnologias por líderes empresariais, apresentado nesta terça-feira (20), durante a Missão Internacional do Transporte – Japão 2025.

A aula foi ministrada pelo professor Michael Wade, diretor do TONOMUS Global Center for Digital and AI Transformation, que conduziu a palestra “GenAI e dados: o panorama global atual”. Em sua exposição, Wade provocou os participantes com questionamentos estratégicos sobre o papel da IA no presente e no futuro dos negócios, destacando que o debate deixou de ser futurista para se tornar uma urgência competitiva.

O uso de inteligência artificial deixou de ser uma projeção futurista para se tornar uma necessidade concreta para empresas que buscam ganhos de produtividade, eficiência operacional e vantagem competitiva. No setor de transporte e logística, essas soluções já começam a ser incorporadas em diversas áreas, como análise de documentos fiscais, atendimento ao cliente, suporte jurídico e gestão da cadeia de suprimentos, entre outras.

Segundo Wade, a principal vantagem está na realocação de tarefas operacionais para as máquinas, permitindo que os colaboradores se concentrem em atividades de maior valor estratégico. De acordo com o estudo do IMD, 50% dos usuários relataram ter ganhado mais tempo para interações interpessoais no ambiente de trabalho, enquanto 15% passaram a se dedicar mais ao planejamento e à tomada de decisões.

“Em contrapartida, os riscos não podem ser ignorados. Problemas de precisão, opacidade nos processos e questões de cibersegurança são desafios críticos. Mesmo em ferramentas pagas, não é recomendado usar dados sensíveis, como informações de clientes ou dados internos das empresas”, destacou o professor.

Para a implantação ser bem-sucedida, o ideal é haver o investimento em ferramentas conforme a necessidade de cada empresa. “Quando inventaram o carro, muita gente preferia usar o cavalo, porque era suficiente. Você precisa de um carro, de um cavalo ou de ambos atualmente?”, indagou Wade.

É preciso experimentar

Na segunda parte da aula, o professor Michael Wade propôs uma dinâmica prática para os participantes, desafiando-os a elaborar planos estratégicos em curto tempo, com o uso exclusivo de ferramentas de inteligência artificial generativa.

A turma foi dividida em três grupos, sendo que cada equipe ficou responsável por desenvolver algumas tarefas, como a criação de argumentos, formulação de soluções, elaboração de apresentações e até produção de vídeos curtos. Um dos desafios envolvia propor estratégias para melhorar a experiência dos passageiros no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, considerando gargalos recorrentes e um orçamento restrito.

Ao final, os grupos compartilharam as principais facilidades e limitações observadas durante o uso das IAs. O consenso foi que as ferramentas, como o ChatGPT, são eficazes em tarefas estratégicas e textuais, além de auxiliarem em atividades operacionais, como organização de informações e identificação de padrões. Já em atividades mais criativas – como design de apresentações, geração de imagens ou vídeos –, os resultados dependem fortemente da qualidade e precisão dos comandos inseridos.

Wade encerrou a atividade reforçando que a adoção das IAs generativas é inevitável e exige experimentação contínua. “Acredito que essa não será uma tendência passageira, como vimos com o Blockchain ou o Metaverso. Trata-se de um caminho sem volta”, afirmou.

Implantação das IAs generativas

De acordo com o IMD, a mudança de mentalidade e o investimento em capacitação contínua são fatores essenciais para a implantação eficaz das inteligências artificiais generativas nas rotinas empresariais. Muitas organizações ainda se lançam nesse universo com pouca qualificação técnica ou sem um propósito claro de aplicação.

Modelos como o Microsoft Copilot, por exemplo, só apresentam ganhos significativos quando são utilizados de forma estratégica. Um dado do Instituto chama a atenção: 13% dos usuários da ferramenta relataram não ter obtido nenhum aumento de produtividade, possivelmente por não explorarem corretamente todas as suas funcionalidades.

Para os empresários do setor de transporte, a recomendação é adotar uma abordagem estruturada, com foco nos objetivos do negócio e atenção aos riscos envolvidos. Seja na otimização de rotas, no monitoramento de frotas ou no atendimento ao cliente, o uso da IA deve estar alinhado a uma estratégia orientada por resultados — e não ser incorporado apenas por modismo ou disponibilidade tecnológica.

Sobre a Missão Internacional 

A Missão Internacional do Transporte – Japão 2025, promovida pelo SEST SENAT em parceria com o IMD, é uma imersão executiva realizada entre 14 e 26 de maio, nas cidades de Kyoto e Osaka.

Com foco em transformação digital, inteligência artificial generativa e inovação aplicada ao setor, a programação inclui visitas técnicas à Expo 2025 Osaka, palestras com especialistas internacionais e workshops culturais que integram práticas de gestão à tradição japonesa.

Ao longo da Missão, os participantes exploram experiências concretas de mobilidade urbana inteligente, como as soluções de tráfego integradas e o sofisticado sistema metroviário de Osaka, com o objetivo de aplicar esses aprendizados no desenvolvimento de soluções sustentáveis e eficientes para o transporte rodoviário brasileiro.

Leia mais

Missão Japão: gestão com propósito garante longevidade às empresas

Missão Internacional do Transporte começa no Japão com foco em inovação e gestão eficiente


voltar