
Não existe uma receita pronta a ser seguida. A proposta foi construir caminhos que levem à descarbonização do setor de transporte rodoviário de cargas, a partir de um trabalho colaborativo. Essa provocação foi feita durante o workshop promovido pelo WRI Brasil (World Resources Institute) no SETCESP, na manhã do dia 16 de abril.
O WRI atua no desenvolvimento de estudos e implementação de soluções para proteger e restaurar a natureza e o equilíbrio do clima. “Aliando informações técnicas à articulação política, trabalhando com governos, empresas, academia e sociedade civil”, contou a gerente de descarbonização do transporte, Magdala Arioli.
Marcelo Rodrigues, presidente do SETCESP, destacou na abertura do evento que o fato de a entidade receber o workshop já demostra o quanto o setor está interessado em ser mais sustentável. “Nosso objetivo aqui é ter ideias de ações para mitigar nossas emissões. Ter o WRI mostra o nosso interesse pela mudança”.
“Quando o assunto é sustentabilidade, o SETCESP tem bastante credibilidade para falar, porque entre as entidades, estamos na vanguarda das ações”, lembrou Ana Jarrouge, presidente executiva do SETCESP. O sindicato tem uma comissão que trata do tema no setor há mais de 15 anos e há 11 anos promove o Prêmio de Sustentabilidade para reconhecer as ações de ESG das transportadoras brasileiras.
Na sequência, o diretor de Meio Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente, Mauricio Guerra, apresentou algumas políticas públicas voltadas para a descarbonização do país. “Temos duas perspectivas importantes da política climática. Uma é a de adaptação e a outra é a de neutralizar as emissões para estabilizar a temperatura. As alterações do clima estão cada vez mais radicais”, observou.
Mariana Barcellos, analista de descarbonização do WRI, expôs alguns dados que serviram para contextualizar o cenário. Cerca de 16% da frota brasileira de veículos é usada para o transporte de carga, e eles são responsáveis por 54% das emissões de GEE (Gases de Efeito Estufa).
Também analista de descarbonização do WRI, Pollyana Rego, mostrou que não é somente uma política ou um plano de ação que resolverá o problema das emissões do transporte de cargas, e sim, soluções integradas. Ela listou algumas ações internacionais que podem inspirar o Brasil.
Como atividade prática, os profissionais das empresas de transporte presentes no treinamento fizeram um levantamento do que poderia viabilizar um movimento amplo de descarbonização no transporte. Entre os temas, foram apontadas resumidamente as necessidades de:
- Incentivos fiscais, para renovação de frota e também para novas tecnologias de desenvolvimento de combustíveis alternativos;
- Investimento em infraestrutura de abastecimento de elétricos e de gás biometano;
- Mudança para uma cultura sustentável;
- Maior estímulo ao transporte compartilhado; e
- Regulamentação do mercado de carbono.
Durante o workshop, os participantes elaboraram um documento no qual definiram metas que levassem à descarbonização e as medidas necessárias para alcançá-las. Encerrando a apresentação, a gerente do WRI apresentou o programa e-Fast Brasil, apoiado pelo instituto, que visa impulsionar a eletromobilidade no transporte de cargas.
Na Índia, o programa criou uma cadeia de colaboração entre governo e setor privado para a eletrificação de veículos com uma abordagem financeira autossustentável. “Nosso objetivo é criar um ambiente favorável à adoção de veículos elétricos, estamos otimistas de que conseguiremos fazer isso aqui no Brasil também”, compartilhou Arioli.
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