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17 de Março de 2008 – 10h00 horas / G1
Com 26% de sua execução concluída, o trecho Sul do Rodoanel, quando finalizado, em 2010, pode resultar em uma redução de 43% no movimento de caminhões da Marginal Pinheiros. Segundo estimativas da Dersa, em números absolutos, serão quase 250 mil veículos a menos por dia. Já na Avenida Bandeirantes, será uma diminuição de 80 a 100 mil por dia.
As projeções são do diretor de engenharia da Dersa, Paulo Vieira de Souza, responsável pela supervisão da obra. “O objetivo do Rodoanel é retirar da região metropolitana o transporte de cargas. No Trecho Oeste, são 150 mil veículos por dia, sendo que 60%, de cargas (caminhões). Imagino que deve aumentar muito, para 250 mil (por dia), com o Trecho Sul. Se o motorista pode usar a ligação para ir mais longe e fugir do trânsito da capital, ele começará a usar o Rodoanel como opção”, avaliou o diretor da Dersa.
Com os R$ 2 bilhões que deverão ser desembolsados pela CCR, empresa que lidera o Consórcio Integração Oeste e classificado em primeiro lugar no leilão para exploração do pedágio do Trecho Oeste do Rodoanel, realizado na terça-feira (11), o governo do Estado pretende concluir os trechos Sul e o Leste – para este trecho, a fase de licitação se encerrou recentemente.
A data de inauguração do Trecho Sul já está até marcada. “Será no dia 27 de março de 2010. Se não for antes”, comentou Paulo Vieira. A obra está prevista para ser executada em 33 meses. O especialista em trânsito e membro da Comissão de Assuntos e Estudos sobre Direito de Trânsito da OAB-SP, Cyro Vidal, afirma que o órgão não recebeu denúncias recentes sobre o impacto ambiental da construção ou outros problemas que possam atrasar o andamento das obras.
Ele diz ainda que problemas pontuais têm sido resolvidos “sem atritos“ entre os responsáveis pelas obras e a comunidade. “O principal é que o Rodoanel está andando. Não pode parar porque teremos grandes problemas no trânsito da capital“, disse. O especialista, que elogiou o valor do pedágio no Trecho Oeste, disse acreditar que a tendência na manutenção dos preços deve realmente incentivar que caminhoneiros evitem as vias congestionadas da cidade com a inauguração da nova interligação entre as estradas que cruzam São Paulo.
Números
Os números da obra em andamento ajudam a entender seu impacto. Apenas para indenização relativa às desapropriações são R$ 1,1 bilhão. E para a obra em si, R$ 2,5 bilhões. Um total de R$ 3,6 bilhões. Já foram desapropriados cerca de 1.400 imóveis, uma área equivalente a 11,5 milhões de metros quadrados, em sete municípios. Resta um milhão de metros quadrados de frente de obra a serem desapropriados, segundo Paulo Vieira.
“Foram necessários apenas cinco meses para desapropriar, de forma amigável, 90 % da obra. A gente deposita 100% do valor comercial do imóvel a partir da publicação do decreto de desapropriação assinado pelo governador. Das famílias que fizemos o reassentamento, 42% delas aceitaram a unidade habitacional que foi oferecida. Para os demais, pagamos o valor correspondente”, detalhou.
O Trecho Sul começa em Mauá, passa por Ribeirão Pires, Santo André, São Bernardo, extremo Sul de São Paulo, Itapecerica da Serra e Embu, terminando na ligação com o Trecho Oeste, na Rodovia Régis Bittencourt.
A parte sul interligará as rodovias Anchieta, Imigrantes e Régis Bittencourt, que, somadas às interligadas pelo Trecho Oeste (Raposo Tavares, Castello Branco, Bandeirantes, Anhangüera), totalizam sete das 10 rodovias que chegam a São Paulo. A obra facilitará principalmente o acesso ao porto de Santos para quem vem do interior do Estado e de outras regiões.
Pelas projeções da Dersa, será possível percorrer os trechos Oeste e Sul, quando este estiver pronto e interligado, em 50 minutos, uma economia de 1h40. Para atravessar a cidade, passando pelas marginais e a Avenida dos Bandeirantes, o motorista gasta 2h30, nos horários de pico, atualmente.
Entre as obras de engenharia do trecho Sul do Rodoanel, destacam-se a construção de uma ponte de 1.755 metros sobre a represa Billings e outra de 245 metros sobre a Guarapiranga. O processo de licitação para a execução dos três lotes do Trecho Leste, com cerca de 40 km, já foi realizado e as empresas vencedoras, definidas. A próxima fase será a elaboração do projeto executivo, no qual o traçado é definido, e do meio ambiente.“A gente faz o traçado e depois fazemos todas as solicitações de alterações da Secretaria do Meio Ambiente e do Ibama”, explicou Paulo Vieira.
Projeto de lei prevê cobrança para quem fugir de pedágio do Rodoanel
Começou a tramitar na Câmara Municipal de São Paulo projeto vereador José Police Neto (PSDB-SP), o Netinho, que vai tentar impedir que moradores de cidades vizinhas deixem de circular pelo Rodoanel para não pagar pedágio utilizando as vias da capital. O projeto foi publicado no Diário Oficial da Cidade de São Paulo na quinta-feira (13).
“É uma tentativa de proteger o cidadão que sofre com o trânsito de passagem”, disse o vereador, referindo-se aos motoristas que, por exemplo, transitam nas marginais para ir de um lugar a outro na região metropolitana, sem parar na cidade.
O projeto prevê, neste caso, a cobrança em dobro do valor da tarifa do Trecho Oeste – e, posteriormente, do Trecho Sul, com inauguração prevista 2010 – “pela utilização da malha viária do Município de São Paulo para acessar as rodovias que cortam o Município, com o objetivo de burlar o pagamento do pedágio”. A cobrança valeria apenas para os veículos que não sejam licenciados na capital.
Além disso, o projeto prevê a criação do “Fundo Municipal de Desenvolvimento e Implantação do Transporte Coletivo, que tem por objetivo o financiamento da melhoria e expansão do transporte coletivo no Município de São Paulo.”
O montante arrecadado com o pedágio dobrado seria utilizado, exclusivamente, na “elaboração de projetos; execução de obras de recuperação e expansão dos meios de transporte coletivo existentes; e implantação de novas soluções ou inovações tecnológicas”.
Para que o projeto se torne viável depois de aprovado, no entanto, será necessária a implantação do sistema de fiscalização através de chips instalados nos carros. Desta forma, seria possível monitorar toda vez que um veículo licenciado em uma outra cidade saísse da Rodovia dos Bandeirantes e pegasse a Marginal Pinheiros para acessar a Raposo Tavares, por exemplo.
“O sistema registraria em que ponto o carro entra e em qual ele sai da capital. Também seriam utilizados os sistemas de vigilância das rodovias operadas por concessionárias, como a Via Dutra, a Autoban, Ecovias, Via Oeste e, futuramente, as que serão concedidas, como a Régis e Fernão Dias”, explicou.
Apesar da cobrança do pedágio dobrado, o vereador garante que o projeto tem muito mais “caráter pedagógico” do que punitivo. “Não vai desestimular ninguém a seguir pelo Rodoanel. Temos um ano para realizar um grande debate pela frente”, disse, sobre o processo de tramitação pelas várias comissões da Casa, como as de Constituição e Justiça e a de Transportes, antes de ir a plenário para votação.

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