‘Tem de acelerar votação de projetos para viabilizar megaleilão’, diz nº 2 da Economia
Compartilhe

O governo vai pedir ao Congresso Nacional prioridade na votação de dois projetos de lei considerados necessários para tornar viável o megaleilão do pré-sal, no qual pretende arrecadar R$ 106,5 bilhões – dinheiro que deve ser dividido entre União, Estados e municípios. Em entrevista ao Estadão/Broadcast, o secretário especial da Fazenda, Waldery Rodrigues, disse que vencer essa etapa é “imprescindível” para trazer segurança jurídica ao certame, marcado para 6 de novembro.

O Congresso precisa aprovar dois projetos para tornar a disputa possível: um que abre caminho no Orçamento para o pagamento à Petrobrás dos investimentos já feitos pela petroleira e outro que permite repasse do dinheiro para governadores e prefeitos. “Isso é necessário para que todos os 14 concorrentes fiquem confortáveis”, disse, sobre o medo dos investidores de judicialização do leilão devido à indefinição da divisão da verba.

O prazo legal para o envio desses pedidos de abertura de crédito termina hoje. Mas o governo vai enviar uma proposta alterando a data para ganhar mais tempo. A aprovação das medidas depende de uma sessão do Congresso, a ser convocada pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). O líder do governo, Fernando Bezerra (MDB-PE), disse que o Congresso vai votar os projetos antes do leilão. Alcolumbre já deu um prazo maior: até o fim do ano.

A intenção do governo é enviar os projetos logo depois que o Tribunal de Contas da União (TCU) der o sinal verde para a revisão do contrato das áreas do pré-sal que foram repassadas à Petrobrás em operação que ficou conhecida como cessão onerosa. Como o potencial de exploração é maior do que os 5 bilhões de barris de petróleo que a Petrobrás pode explorar, o excedente agora será leiloado.

Petrobrás

Quanto mais demorar o acordo para a partilha do bônus de assinatura do megaleilão do pré-sal, mais dinheiro União, Estados e municípios deixam de receber. Isso porque a parte da dívida da Petrobrás é corrigida pela taxa básica de juros, a Selic.

Desde que assumiu o compromisso de pagar a dívida com estatal pelos investimentos já feitos, o valor subiu de R$ 33,6 bilhões para R$ 34,5 bilhões.

O acordo da chamada cessão onerosa foi fechado pela Petrobrás com a União em 2010 e permitiu à estatal explorar sem licitação cinco bilhões de barris de petróleo em campos do pré-sal na Bacia de Santos (SP). Em troca, a empresa pagou R$ 74,8 bilhões. Esse valor passou pela revisão e, agora, a União terá de devolver uma parte à empresa.

O secretário ressaltou que há outras áreas concorrentes à brasileira no mundo, como na Indonésia, e que os investidores podem olhar para outras oportunidades se não se sentirem “confortáveis” com o leilão.

Rodrigues destacou que a cessão onerosa é o maior evento de política fiscal – pelo potencial de arrecadação para os cofres públicos – da história do País e de maior representatividade para a Petrobrás. Segundo ele, pouco se tem falado sobre o dinheiro que a Petrobrás vai receber das empresas ganhadoras do leilão como compensação pelos investimentos já feitos, além do pagamento do governo pela revisão do contrato.

“A Petrobrás será compensada”, disse o secretário, que nas últimas semanas tem mantido reuniões com grupos de investidores. Ainda não há uma estimativa oficial do governo sobre os valores que a petrolífera poderá receber. O prazo para essa negociação, após leilão, é de 18 meses.

Disputa

O governo espera que haja grande concorrência no leilão dos quatro blocos de exploração: Búzios, Itapu, Sépia e Atapu. Nos dois primeiros, a Petrobrás já exerceu seu direito de preferência para abocanhar 30% da área, o que sinaliza o seu alto potencial.

Com isso, o governo calcula que haverá lances ousados nessas áreas com chances de ágio sobre a parcela de óleo-lucro que é oferecida pelas empresas no leilão à União. O óleo-lucro é produto da exploração dos campos após a empresa obter o retorno dos seus investimentos.


voltar

SETCESP
Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.