SETCESP debate a restrição de circulação dos caminhões em SP
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20 de Junho de 2008 – 10h00 horas / Redação SETCESP
Mais de 400 pessoas participaram do 19º Fórum Paulista do Transporte – Abastecimento Urbano e a Restrição ao Caminhão, realizado pelo SETCESP, nesta quinta-feira (19). O presidente do SETCESP, Francisco Pelucio, falou da publicação do segundo Decreto nº 49636/08,ocorrida nesta quarta-feira, que implanta o rodízio do Veículo Urbano Carga (VUC) na Zona Máxima de Restrição a Circulação (ZMRC), em dias pares e ímpares. “Continuaremos na luta contra as medidas restritivas da prefeitura e vamos continuar trabalhando para buscar reverter o atual quadro”, ressaltou Pelucio.
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Participantes do 19º Fórum Paulista do Transporte
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Mais de 400 pessoas ocuparam três auditórios do Palácio do TRC
Ponto de vista do transportador
Para mostrar a visão do transportador sobre o impacto da restrição ao veículo de carga, o ex-presidente do SETCESP, Urubatan Helou, disse: “Somos nós os transportadores que sofremos as conseqüências com esses decretos implantados. Somos um setor pulverizado, não existe consolidação. O caminhão não é o vilão, nós somos as vítimas, pois arcamos com o custo operacional do trânsito”, afirmou. Helou ainda lembrou que a questão do abastecimento urbano não se revoga por decreto.
Com relação ao trânsito, Helou comentou que a mercadoria vai chegar ao seu cliente, seja por kombi ou vans. “Esse rodízio de veículos de placa ímpar, só circula no dia ímpar e o de placa par nos dias pares, só vai induzir ao aumento da frota e conseqüentemente do trânsito na cidade de São Paulo”, avaliou. Helou disse ainda que não tem cabimento o rodízio nas marginais, especialmente porque o Rodoanel não está pronto. “Filas de caminhões serão formadas e entupirão as cidades circunvizinhas para esperar o horário que eles poderão passar”, avaliou.
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Urubatan Helou mostra o impacto das medidas restritivas para o transportador
A Campanha realizada pelo SETCESP “Se tá na mão, veio de caminhão” foi citada por Helou que disse que o objetivo é resgatar a valorização da nossa atividade perante a população. Helou ainda apresentou as seguintes propostas: acabar com a zona azul; implantação de rodízios de placas pares e ímpares para automóveis; retroceder a área da ZMRC para 11 km², como antigamente, com a permanência de circulação do VUC; todos os caminhões emplacados em São Paulo terão que passar pela inspeção veicular, mas serão excluídos do rodízio; inverter o conceito do IPVA, pois hoje há mais um incentivo para se comprar um caminhão velho; intensificar a fiscalização de veículos; reeditar o decreto municipal da entrega noturna; isentar os caminhões do pagamento do pedágio do Rodoanel; incluir os caminhões articulados no rodízio municipal; construção de terminais de cargas; reconfigurar as marginais; investimento no transporte público e reedição da extinta Companhia Municipal de Transportes Coletivos (CMTC).
Ponto de vista do embarcador
O superintendente do ECR Brasil, Cláudio Czapski, apresentou a visão do embarcador nesta questão de abastecimento urbano. “Esses decretos provam que as autoridades públicas não estão trabalhando por nós e sim contra, onerando ainda mais o transporte e a cadeia produtiva”, argumentou.
Czapski falou de alguns impactos, como o “represamento” da carga no embarcador ao longo do dia; capacidade de armazenagem e o local para estacionamento; necessidade de transbordo em situação inadequada, disponibilidade de recebedores no período da noite, mudanças na embalagem de muitos produtos, incremento de prazos de entrega, perda de clientes, custo final do produto e os riscos”.
Czapski abordou algumas situações críticas que surgirão, como dificuldades de controle e fiscalização, falta de infra-estrutura, especialmente para o estacionamento, congestionamento em zonas e horários críticos. A conclusão de Czapski é de que medidas de restrição são inevitáveis, mas que mudanças no ambiente operativo demandam agilidade, preferencialmente com respostas planejadas, baseadas em análises de cenários. Em algumas situações pode-se encontrar oportunidades. No âmbito da empresa e da cadeia produtiva devemos procurar minimizar os impactos. “Vamos buscar alternativas com associações políticas e técnicas, como já estamos nos mobilizando”, disse.
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Urubatan Helou, Francisco Pelucio, Claudio Czapski, Nelson Maluf El Hage e Eduardo Ferreira Rebuzzi abordam os impactos das medidas restritivas
Visão do técnico
Na visão de técnico especialista, o ex-presidente da CET e diretor do Desenvolvimento Rodoviário S.A. (Dersa), Nelson Maluf El Hage, ressaltou a falta de conhecimento do cidadão e da autoridade pública sobre do que é carga e abastecimento. “São muitos tipos de carga, um mundo de características diferentes e ninguém vê a carga, só o caminhão e isso causa erros. Erros de enfoque ao invés de entender a carga”, enfatizou. El Hage propôs um desafio: conclamar que o SETCESP se envolva permanentemente no setor público dando informações de conhecimento do setor e experiência na prática, não só em momento de crise e que force o governo a tomar mais atitudes e ter mais especialistas com conhecimento de transporte rodoviário de cargas, uma forma de influenciar mais o setor público. “Vamos ter que vivenciar algum tipo de restrição, o desafio é como nos preparar. Às vezes da crise, nasce uma solução”, disse El Hage, que para ele as autoridades deviam dar mais importância para a carga, já que São Paulo tem grande participação na economia, no Produto Interno Bruto (PIB) mundial.
Experiência carioca
Ao falar da experiência carioca com a restrição a carga e descarga, o presidente da Federação do Transporte de Carga do Estado do Rio de Janeiro (Fetranscarga), Eduardo Ferreira Rebuzzi, ressaltou a importância da Campanha do SETCESP “Tá na mão, veio de caminhão”. Para ilustrar como está a cidade do Rio de Janeiro após a implantação da restrição a carga e descarga, Rebuzzi, exibiu fotos de várias ruas e avenidas em que os carros não respeitam as placas e estacionam no lugar da carga e descarga.
Rebuzzi explicou que o prefeito do Rio de Janeiro, César Maia, publicou o Decreto 29250/08 que determina que as empresas que receberem mercadorias por vans, kombis ou caminhonetas, terão seus alvarás cancelados. Ele informou que a Fetranscarga desenvolveu várias ações, como a busca de diálogo com o poder executivo e autoridades municipais. Promoveu reuniões com as entidades envolvidas no abastecimento urbano e provocou junto ao poder legislativo uma audiência pública na Câmara dos Vereadores, com a presença de líderes empresariais, autoridades e executivos e com a vereadora Cristiane Brasil (PTB) para debater o tema. Como último recurso a entidade disponibilizou seu quadro de advogados para as empresas associados entrarem com um pedido de mandato de segurança individualmente. Rebuzzi concluiu que as conseqüências no Rio de Janeiro estão sendo: mais veículos menores nas ruas, multas e um aumento de custo. “Soluções pouco ortodoxas”, disse.

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