Mesmo com busca por recurso para enfrentar a crise, concessão de crédito cai 3,6% em maio
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Segundo o Banco Central, a liberação de empréstimos para as empresas recuou 9,4%, para R$ 130 bilhões

Mesmo com empresas e famílias ainda em busca de recursos para fechar as contas, na esteira da pandemia do novo coronavírus, as concessões dos bancos no crédito livre voltaram a cair em maio, com retração de 3,6% ante abril, para R$ 255,8 bilhões, informou nesta sexta-feira, 26, o Banco Central. Em abril, a queda já havia sido de 28,3%. Nos 12 meses até maio, porém, ainda há uma alta acumulada de 12,3%.

Os dados não levam em conta ajustes sazonais e são influenciados pelos efeitos da pandemia, que colocou em isolamento social boa parte da população e reduziu a atividade das empresas. Em meio à carência de recursos, famílias e empresas aumentaram a demanda por algumas linhas de crédito nos bancos.

No entanto, há reclamações, em especial entre empresas, de dificuldades de acesso a crédito neste momento de crise. O BC não divulga dados sobre quanto a procura por crédito aumentou, apenas o quanto foi concedido. Nesta semana, a autoridade monetária lançou um novo pacote de medidas para tentar garantir que o crédito chegue na ponta para famílias e pequenas e médias empresas.

Em maio, no crédito para pessoas físicas, as concessões subiram 3,3%, para R$ 125,7 bilhões. Em 12 meses até abril, há alta de 8,2%.

No caso das empresas, as concessões recuaram 9,4% em maio ante abril, para R$ 130,1 bilhões. Em 12 meses até abril, o avanço é de 16,7%.

Mesmo com a crise, a taxa de inadimplência nas operações de crédito com os bancos ficou estável em 4,0% em maio ante abril. Em maio de 2019, a taxa estava em 3,9%.

A taxa se manteve em 5,5% entre as famílias e em 2,4% entre as empresas.

A inadimplência no crédito direcionado, com recursos da poupança e do BNDES, passou de 2,3% para 2,1% na passagem de abril para maio.

Queda nos juros

A taxa média de juros no crédito livre caiu de 31,3% ao ano em abril para 29,5% ao ano em maio, segundo o BC. Em maio de 2019, essa taxa estava em 37,9% ao ano.

Para as pessoas físicas, a taxa média de juros no crédito livre passou de 44,6% para 42,7% ao ano de abril para maio, enquanto para as pessoas jurídicas foi de 15,7% para 14,2% ao ano.

Entre as principais linhas de crédito para a pessoa física, a taxa média dos juros no cheque especial passou de 119,6% ao ano para 117,1% ao ano de abril para maio. No crédito pessoal, a taxa passou de 34,7% para 33,3% ao ano.

Desde julho de 2018, os bancos estão oferecendo um parcelamento para dívidas no cheque especial com valor acima de R$ 200. A expectativa da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) era de que essa migração do cheque especial para linhas mais baratas acelerasse a tendência de queda do juro cobrado ao consumidor.

Em função da ineficácia da autorregulação da Febraban, o BC anunciou a limitação dos juros do cheque especial em 8% ao ano (151,82% ao ano), a partir de 6 de janeiro.

Além da limitação do juro, os dados de agora refletem uma revisão realizada na série histórica do BC. De acordo com a autarquia, os números passaram a considerar o fato de alguns bancos cobrarem juro no cheque especial apenas após dez dias de atraso no pagamento da fatura. Antes, era considerado todo o período de atraso. Esta mudança fez com que o nível do juro no cheque especial, na nova série histórica, fosse menor em anos anteriores.

Os dados divulgados pelo Banco Central mostraram ainda que, para aquisição de veículos, os juros foram de 20,4% ao ano em abril para 19,5% em maio.


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