
O cálculo da inflação oficial do país passará a ser divulgado com nova composição de bens e serviços a partir de fevereiro de 2020, quando o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) vai divulgar o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) referente a janeiro, disse o diretor-adjunto do instituto, Cimar Azeredo, em entrevista ao Valor.
Segundo Azeredo, o adiamento da divulgação da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), que passou de julho para outubro de 2019, não afetou o cronograma de reponderação do índice. A POF mediu as despesas das famílias brasileira por 12 meses, até meados do ano passado. Com essas informações, ela vai embasar a cesta usada nos índices de preços da instituição.
“A estrutura prévia do IPCA será divulgada em outubro, uma semana após a divulgação dos primeiros resultados da POF”, disse Azeredo, reconhecendo a necessidade de atualizar logo o índice de inflação. “A pesquisa de orçamentos é grande, e o nível de detalhamento das informações obtidas nos domicílios é imenso.”
Além dos primeiros resultados da POF, o IBGE decidiu recentemente adiar a divulgação dos resultados sobre alimentação e os microdados, que passaram de dezembro deste ano para o início do primeiro semestre de 2020. Isso gerou preocupação de analistas sobre a falta de dados para debate da reforma tributária, fundamental para mensurar a carga indireta de impostos.
Apesar disso, Azeredo afirma que a divulgação da POF será realizada em tempo recorde, graça ao uso de novas tecnologias. “A POF de 2008/2009 foi divulgada em 2012, 30 meses depois. E a POF de 2017/2018 está sendo divulgada no início de 2020. Estamos batemos um recorde de divulgação, a metade do tempo.”
Outro levantamento com divulgação adiada é a Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio (Pnad) Contínua da renda de todas as fontes, importante para cálculo da desigualdade e pobreza do país.
Segundo Azeredo, as mudanças de metodologia foram amplamente debatidas e comunicadas aos usuários de dados do IBGE, como pesquisadores da academia e analistas de bancos e consultorias. “Somente no Rio de Janeiro foram quatro a cinco reuniões. Em São Paulo, fechamos um auditório inteiro com todas as consultorias para mostrar os ajustes que seriam feitos”, disse.
Também atrasada, a Pnad Contínua do trabalho infantil de 2018 teve sua divulgação transferida de junho para dezembro. Os dados de 2017 ainda não foram divulgados. Segundo Azeredo, a readequação foi necessária para ajustar a metodologia de indicadores à nova resolução para estatísticas de trabalho infantil, aprovada em conferência da Organização Internacional do Trabalho (OIT). “É um caso que o atraso não tem relação direta com falta de pessoal, mas não invalida o fato de o IBGE precisar de gente após anos sem concurso e muitos pedidos de aposentadoria”.
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