Com uma taxa de crescimento de dois dígitos anualmente, o e-commerce brasileiro poderia se aproximar mais dos países latino-americanos a partir de 2019. Para especialistas, a alta do dólar e a aproximação cultural e física podem facilitar a viabilidade desse comércio, embora aspectos tributários sejam entraves.
“O Brasil tem oportunidades diretas com o Mercosul, em especial Chile e Argentina. O marketplace nestes países é a entrada mais fácil, porque você não precisa administrar gestão de marketing digital e nem disputar com grandes varejistas deste mercado para produtos comparáveis”, afirmou o diretor de marketplace da Associação Brasileira de E-commerce (ABComm), Carlos Alves. Na avaliação do especialista, caso o movimento de aproximação com os países ocorra, o crescimento potencial do e-commerce brasileiro pode chegar a 16% em 2019 – atingindo uma cifra próxima aos R$ 80 bilhões.
Na mesma perspectiva traçada pelo dirigente, o presidente da plataforma de integração de dados em e-commerce Wevo, Diogo Lupinari, argumentou que artigos de moda e também eletroeletrônicos são as principais categorias para entrar em mercados estrangeiros.
“Vejo a indústria de eletrodomésticos tendo destaque, mas, em especial, as mais fortes devem ser a indústria de moda, calçadista e cosméticos, até mesmo por já serem fortes no Brasil e, inclusive, serem os que mais convertem no e-commerce, representando a maior fatia do que é vendido no mercado online no país”, afirmou o executivo. De acordo com um levantamento realizado pelo Ebit no primeiro semestre de 2018, a categoria de roupas e acessórios é a segunda com maior participação no volume bruto comercializado nesse canal, com share de aproximadamente 14,5%.
Potencial de mercado
Ainda segundo o executivo, o bom desempenho do comércio eletrônico brasileiro pode ter maior viabilidade em países menos complexos em termos de logística, tecnologia e com uma aproximação geográfica maior. “Eu diria que são os países onde toda a logística seja menos complexa como quando comparado a distância para países europeus, africanos ou mesmo os Estados Unidos. Apostaria em mercados que estão mais próximos de nós e que estão mais desenvolvidos no ponto de vista de comércio eletrônico, como México e Colômbia, pela barreira da distância ser menor”, argumentou o executivo.
Segundo ele, do ponto de vista do consumidor, os benefícios a médio prazo podem ser observados em aspectos como: solicitação de trocas e devoluções, maior visibilidade do preço total do produto, incluindo taxas alfandegárias e impostos no momento da compra, e por fim a procedência da mercadoria.
“De qualquer forma, ainda assim acredito que ter uma legislação nesse sentido pode ajudar a desenvolver mais rápido o cross border entre as plataformas virtuais, a partir do momento que se abre uma janela nova, ainda mais quando falamos do Brasil que tem tanto espaço para crescer nesse segmento” complementou o executivo ao DCI.
Efeitos cambiais
Para Lupinari, as possíveis oscilações do dólar podem ter efeito tanto negativo quanto positivo no setor de e-commerce. “É possível falar tanto daqueles que são prejudicados, como que são beneficiados. A alta do dólar prejudica todo mundo que comercializa produto importado. Já o lojista que, via cross border, vende num site internacional deve lucrar”, explicou.
Com avaliação similar, o co-fundador da consultoria de e-commerce CoreBiz, Felipe Macedo, lembra que combinar a atuação em outros países com um produto de valor agregado pode ser uma estratégia válida. “Podemos aumentar muito a rentabilidade vendendo para outros países, principalmente se as empresas souberem como agregar o valor necessário para essa venda. Um ótimo exemplo disso é a Havaianas, que já vende em vários lugares do mundo com valores bem superiores aos vendidos dentro do Brasil. Em alguns casos, a venda para outros países supera a venda nacional”, afirmou o executivo.
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