Os cinco principais países importadores do Brasil participam de metade (49%) do total das nossas exportações. Em 2017, as vendas externas nacionais cresceram para todas essas nações, exceto para os Países Baixos (Holanda).
No entanto, somando o valor exportado para a China, Estados Unidos, Argentina, Holanda e Japão, observa-se uma expansão de 23,2% nos embarques durante o ano passado, em relação a 2016, para US$ 106,5 bilhões, mostram dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic).
Segundo especialistas, a tendência é que essas vendas continuem em expansão, mas em um ritmo menor, já que, com a recuperação da economia brasileira, uma parcela maior da produção nacional será direcionada para o mercado interno. “O percentual de crescimento das exportações irá depender da velocidade do crescimento do Brasil”, considera o coordenador do curso de economia FAAP Paulo Dutra.
Segundo principal parceiro comercial do país, os EUA elevaram em 16% as suas compras no ano passado, a US$ 26,8 bilhões. Os produtos mais importados foram os óleos brutos de petróleo (+136,3%, a US$ 2,7 bilhões) e semimanufaturados de ferro e aço (+45%, a US$ 1,8 bilhão). Dutra analisa que os obstáculos protecionistas que o presidente dos Estados Unidos Donald Trump tem colocado ao comércio com a China, Alemanha e México podem abrir oportunidades para os produtos industrializados do Brasil.
Em 2017, houve alta nas vendas de manufaturados (+27,3%, para US$ 5 bilhões), semimanufaturados (+6,6, para US$ 15 bilhões) e industrializados (+11,1%, para US$ 20 bilhões) para o país parceiro.
Sobre a política de Trump, o professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Carlos, Augusto Poggio, afirma que o presidente tem dado prioridade aos países que têm déficit comercial com os Estados Unidos, o que foi o caso do Brasil durante oito anos (2009-2016). Em 2017, contudo, o país ficou superavitário em US$ 2 bilhões com os EUA.
Para Dutra, a tendência é que nossas vendas aos norte-americanos continuem em alta, tendo em vista o aquecimento da economia deles. O Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta alta de 2,7% no Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA.
Asiáticos
A perspectiva também é de expansão nas vendas à China e ao Japão, cuja maior parte são de commodities agrícolas e minerais. Segundo Dutra, se os juros dos EUA não tiverem grande aumento, a tendência é que os preços das commodities continuem estáveis ou tenham um leve acréscimo.
Sobre a economia japonesa, Dutra pontua que esta tem apresentado um crescimento acima do esperado. No final de 2017, o governo japonês elevou de 1,5% a 1,9% a projeção de PIB para o ano fiscal de 2017, e aumentou de 1,4% para 1,8%, para 2018.
As vendas do Brasil para o Japão se elevaram em 14,3%, para US$ 5,2 bilhões em 2017, com destaque para o minério de ferro (+30,3%, a US$ 1,4 bilhões) e carne de frango (+26%, a US$ 907 milhões).
Já as importações chinesas do Brasil avançaram 35,1% em 2017, para US$ 47,5 bilhões. Os principais produtos comprados do nosso país foram a soja (+41,2%, para US$ 20,3 bilhões), minério de ferro (+42%, para US$ 10,4 bilhões e óleos brutos de petróleo (+88%, para US$ 7,4 bilhões). Tendo em vista que o principal parceiro comercial do Brasil deve continuar crescendo a uma taxa de 6%, as expectativas é que as exportações nacionais para lá se mantenham aquecidas. O Banco Mundial projeta aumento de 6,8% para o PIB chinês neste ano, após alta de 6,9% no ano passado.
Sobre o Japão e a Holanda, Poggio ressalta ainda que o comércio brasileiro com esses países ainda é muito tímido em decorrência da falta de acordos comerciais. “A dinâmica do nosso comércio exterior é muito pautada na conjuntura. Não há um esforço considerável em celebrar novos acordos”, afirma Poggio.
Dados do Mdic mostram que as exportações nacionais para os Países Baixos chegaram a cair no ano passado (-10,3%, a US$ 9,2 bilhões). Os produtos mais comprados pela Holanda foram tubos de aço (-13,8%, a US$ 1 bilhão) e soja (-0,86%, a US$ 1 bilhão. Para Dutra, essa retração ainda reflete a lenta retomada das economias da zona do euro.
Já o terceiro principal importador do Brasil, a Argentina, aumentou em 31,3% as suas compras, para US$ 17,6 bilhões, com destaque para automóveis de passageiros (+42%, para US$ 4,7 bilhões) e veículos de carga (53%, a US$ 1,8 bilhões). Segundo Dutra, se as reformas do presidente argentino Mauricio Macri tiverem êxito, o potencial de crescimento econômico do país tende a aumentar, o que deve beneficiar as nossas exportações ao país vizinho.
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