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31 de Maio de 2015 – 04h49 horas / A Tribuna

A interrupção da navegação na Hidrovia Tietê-Paraná, há mais de um ano, gerou prejuízos para os transportadores de cerca de R$ 700 milhões. A cifra se refere às 7 milhões de toneladas de cargas, especialmente as agrícolas, que deixaram de ser movimentadas pela via de navegação no período.

Esses números foram debatidos por empresários, deputados federais e autoridades do setor durante o lançamento da Frente Parlamentar em Defesa dos Portos, Hidrovias e da Navegação no Brasil, ocorrido na última quarta-feira(27), na sede da Confederação Nacional do Transporte (CNT), em Brasília.

Uma das principais hidrovias do País, a Tietê-Paraná é estratégica para o Porto de Santos, escoando boa parte da produção agrícola do Interior do Estado e da região Centro-Oeste até a Região Metropolitana de São Paulo, onde passa para caminhões e trens, que a levam até os terminais do cais santista. Mas o transporte em seus rios acabou suspenso devido à redução de seus níveis, consequência da estiagem que atingiu o Sudeste no ano passado. Por causa disso, a água foi destinada, prioritariamente, para hidrelétricas, a fim de garantir a geração de energia elétrica necessária para abastecer a região.

Essa situação e seus reflexos foram discutidos no encontro. Segundo o presidente da Federação Nacional das Empresas de Navegação (Fenavega), Raimundo Cavalcante Filho, apesar de as chuvas terem normalizado, o problema permanece. “Não existe equilíbrio entre usuários da água. Se liberou demais para a produção de energia em detrimento dos demais usuários, principalmente navegação e agricultura irrigada”, explica. Os transportadores avaliam recorrer à Justiça para garantir a retomada das atividades.

Matriz de transporte

Outro problema apontado pela Federação é que, como a hidrovia não está operando, aumenta o trânsito de caminhões nas rodovias, especialmente em direção aos portos. Isso ainda encarece o transporte para os produtores. “O grande prejudicado é o campo. Nós temos um frete 40% mais baixo que o rodoviário na região e levamos condição para que nossos produtos fiquem mais competitivos no mercado, especialmente para exportações”, complementa o presidente da Fenavega.

Segundo o estudo Transporte e Desenvolvimento – Entraves Logísticos ao Escoamento de Soja e Milho, elaborado pela CNT e divulgado na última segunda-feira, entre 2013 e 2014, o volume de milho transportado na Tietê-Paraná caiu 73,4%, enquanto o de soja reduziu 53,5% e o de farelo de soja reduziu 79,2%.

Antaq

A reunião teve a participação do diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), Mário Povia, e do diretor Fernando Fonseca. Em seu discurso, Povia destacou a situação paradoxal vivida pelo setor hidroviário brasileiro. “De um lado, é um dos poucos temas nacionais em que há unanimidade quanto ao diagnóstico de baixo aproveitamento e de que o modal deve ser priorizado, incentivado. De outro lado, nada ou muito pouco tem sido realizado ao longo das últimas décadas”.

O diretor-geral informou que a Antaq quer ver assegurados os usos múltiplos das águas, como prevê a lei. “O que não pode se repetir é o episódio que vivemos no ano passado quando, unilateralmente, o setor elétrico paralisou as atividades daquela importante hidrovia”, avaliou.

Povia defendeu um pacto nacional pela navegação interior, envolvendo os ministérios dos Transportes, do Planejamento e da Agricultura, a Empresa de Planejamento e Logística (EPL) e o Congresso Nacional.


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