Balança comercial tem pior resultado da série para meses de fevereiro
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03 de Março de 2015 – 04h22 horas / G1

As importações superaram as vendas externas, resultando em déficit da balança comercial brasileira, em US$ 2,84 bilhões em fevereiro, informou o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) nesta segunda-feira (2). Trata-se do pior resultado para meses de fevereiro desde o início da série histórica, em 1980, segundo o ministério. Em fevereiro de 2014, a balança comercial registrou saldo negativo de US$ 2,12 bilhões.
 

(Correção: ao ser publicada, esta reportagem errou ao afirmar que a série histórica do MDIC tem início em 1995. Embora seja esta a série disponível para consulta, o Ministério informou, posteriormente, que os dados têm início em 1980. O texto foi corrigido às 16h19).
 

Segundo o governo, as vendas ao exterior somaram US$ 12,09 bilhões em fevereiro e, com isso, tiveram uma queda de 15,7% sobre fevereiro de 2014. No mês passado, as três categorias de produtos tiveram retração de vendas externas. As exportações de produtos manufaturados recuaram 11,1%, enquanto as vendas de básicos e semimanufaturados tiveram queda de 22,7% e de 2,3% nesta comparação.
 

Ao mesmo tempo, ainda segundo o ministério, as importações somaram US$ 14,93 bilhões em fevereiro e tiveram recuo de 8,1% sobres o mesmo mês do ano passado. As compras do exterior de combustíveis e lubrificantes recuaram 20,3% sobre fevereiro de 2014. Já as importações de bens de consumo, matérias-primas e de bens de capital caíram 6,8%, 3% e 8%, respectivamente.
 

De acordo com o diretor de Estatística e Apoio à Exportação do Ministério do Desenvolvimento, Herlon Brandão, a piora da balança comercial, em fevereiro, está relacionada com o baixo preço das "commodities" – produtos básicos com cotação internacional, como minério de ferro e petróleo – e também com a antecipação das vendas externas de soja no começo do ano passado.
 

"Nesse ano, a safra está sendo colhida um pouco mais tarde", disse Brandão. Ele acrescentou que, até o momento, está mantida a previsão do governo de que haverá superávit comercial (exportações maioes do que importações) em 2015 fechado.
 

Movimento dos caminhoneiros
 

Para Brandão, do MDIC, a manifestação de caminhoneiros nas estradas pode ter tido impacto nas exportações na última semana de fevereiro, quando as vendas externas ficaram abaixo do restante do mês passado. Entretanto, o efeito teria sido "pequeno", segundo ele, e "não foi sentido no agregado [das exportações]".
 

"Ainda é cedo para se dizer qualquer coisa. Pode ter relação [nas exportações no fim de fevereiro], mas não se pode afirmar com certeza. Tem muitas mercadorias que dependem em menor medida do modal rodoviário, como aviões, minério de ferro e petróleo", afirmou.
 

Pequena melhora no bimestre
 

No acumulado do primeiro bimestre deste ano, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento, a balança comercial registrou um déficit (importações maiores do que vendas externas) de US$ 6,01 bilhões.
 

Com isso, houve pequena melhora frente ao mesmo período do ano passado, quando o resultado negativo somou US$ 6,19 bilhões – o pior valor da serie histórica, que começa em 1995.
 

Na parcial dos dois primeiros meses de 2015, as exportações somaram US$ 25,79 bilhões, com média diária de US$ 661 milhões (queda de 13,1% sobre o mesmo período do ano passado). As importações, por sua vez, somaram US$ 31,81 bilhões, ou US$ 815 milhões por dia útil, uma queda de 10,2% em relação ao mesmo período de 2014.
 

Resultado de 2014
 

Em 2014, a balança comercial brasileira teve déficit (importações maiores do que vendas externas) de US$ 3,93 bilhões, o pior resultado para um ano fechado desde 1998, quando houve saldo negativo de US$ 6,62 bilhões. Também foi o primeiro déficit comercial desde o ano 2000, quando as compras do exterior ficaram US$ 731 milhões acima das exportações.
 

De acordo com o governo, a piora do resultado comercial no ano passado aconteceu, principalmente, por conta da queda no preço das "commodities" (produtos básicos com cotação internacional, como minério de ferro, petróleo e alimentos, por exemplo); pela crise econômica na Argentina – país que é um dos principais compradores de produtos brasileiros – e pelos gastos do Brasil com importação de combustíveis.
 

Estimativas do mercado e do BC para 2015
 

A expectativa do mercado financeiro para este ano, segundo pesquisa realizada pelo Banco Central com mais de 100 instituições financeiras na semana passada, é de melhora do saldo comercial. A previsão dos analistas dos bancos é de um superávit de US$ 5 bilhões nas transações comerciais do país com o exterior.
 

Já o Banco Central prevê um superávit da balança comercial de US$ 6 bilhões para 2015, com exportações em US$ 234 bilhões e compras do exterior no valor de US$ 228 bilhões.


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