
O Congresso Nacional aprovou, nessa quarta-feira (25), o Projeto de Decreto Legislativo (PDL) nº 314/2025, que suspende os efeitos de três decretos presidenciais responsáveis por elevar as alíquotas do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). A medida é destaque na nova edição do Boletim de Conjuntura Econômica da CNT (Confederação Nacional do Transporte).
A publicação ressalta que a decisão atende a um pleito do setor transportador, que se posicionou contra o aumento de impostos e a imprevisibilidade gerada por mudanças tributárias repentinas. Os decretos aumentavam as alíquotas do IOF sobre operações de financiamento, antecipação de recebíveis (risco sacado), câmbio e investimentos no exterior, impactando diretamente os custos das empresas de transporte.
Transporte recua no primeiro trimestre de 2025
Mesmo com o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro no início de 2025, o setor de transporte registrou desempenho abaixo do esperado. A publicação da CNT mostra que o PIB nacional cresceu 1,4% no primeiro trimestre de 2025 em relação ao trimestre anterior, alcançando R$ 3,02 trilhões. Na comparação com o mesmo período de 2024, o avanço foi de 2,9%. Já o PIB do setor de transporte, armazenagem e correios recuou 0,6% frente ao último trimestre de 2024. No entanto, no comparativo interanual, houve alta de 1,1%.
O cenário inflacionário também segue desafiador. O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) acumulado em 12 meses atingiu 5,32% em maio, permanecendo acima do teto da meta de 4,5% definida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) por oito meses consecutivos. O grupo “Transportes” apresentou queda de 0,37% no mês, puxado pela redução nos preços das passagens aéreas (-11,31%) e do óleo diesel (-1,30%). No acumulado em 12 meses, a inflação do grupo chegou a 4,64%.
Apesar da retração do PIB do setor, os dados da PMS (Pesquisa Mensal de Serviços) de abril de 2025 apontam indicadores positivos: o volume de serviços de transporte cresceu 0,5% em relação a março, com destaque para o transporte aéreo, que avançou 6,3%. O volume de transporte de passageiros aumentou 1,8% no mês e está 4,6% acima do patamar pré-pandemia. Por outro lado, o transporte de cargas teve leve queda de 0,3%, no mesmo período, embora continue 34,8% acima do nível de fevereiro de 2020.
“O desempenho do setor de transporte, no primeiro trimestre, reflete um cenário ainda marcado por incertezas econômicas, especialmente devido aos efeitos da inflação persistente e da elevação da taxa de juros, que chegou a 15,00% ao ano na última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), o maior patamar em duas décadas. O setor está apreensivo com o alto custo dos insumos e dos financiamentos, com os potenciais impactos das tensões geopolíticas e com as discussões em torno do aumento de tributos, o que se refletiu na queda de confiança dos empresários no último trimestre”, avalia Fernanda Schwantes, gerente de Economia da CNT.
Mercado de trabalho
No mercado de trabalho, o transporte manteve um saldo positivo. De janeiro a maio, foram gerados 58.934 empregos formais, praticamente metade dos empregos gerados no mesmo período do ano passado. O destaque foi o transporte rodoviário de cargas, com saldo de 28.007 vagas, seguido pelos segmentos de armazenagem (15.016), transporte urbano de passageiros (11.747) e fretamento (5.494).
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