Mesmo com cenário econômico adverso, transporte mantém ritmo de crescimento, indica CNT
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Mesmo diante de um cenário macroeconômico marcado por juros altos, inflação persistente e câmbio instável, o setor de transporte brasileiro segue demonstrando resiliência e desempenho superior à média da economia nacional. É o que revela o Boletim de Conjuntura Econômica da CNT (Confederação Nacional do Transporte), divulgado nesta quinta-feira (22), com análise dos principais indicadores que impactam diretamente a atividade transportadora.

Dados da PMS (Pesquisa Mensal de Serviços) apontam que, em março deste ano, o volume de serviços do grupo “Transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio” foi o que mais cresceu em relação a fevereiro entre todos os grupos de serviços: 1,7% – desempenho quase seis vezes maior que a média do setor de serviços, que avançou apenas 0,3%.

Em relação ao nível pré-pandemia (fevereiro de 2020), o setor transportador registra uma alta expressiva de 19,6%, com destaque para o transporte de cargas, que se mantém 35,6% acima do patamar anterior à crise sanitária. Já o transporte de passageiros apresenta recuperação gradual: alta de 2,0% em março e 1,8% acima do volume registrado antes da pandemia.

Selic elevada pressiona o setor

O período também foi marcado por um novo aumento da taxa Selic, decidido pelo Copom (Comitê de Política Monetária) no início de maio. Com a elevação de 0,5 ponto percentual, a taxa atingiu 14,75% ao ano, o maior patamar em quase duas décadas. A medida busca conter uma inflação que acumula 5,53% em 12 meses – sete meses consecutivos acima do teto da meta definido pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) para 2025, de 4,5%.

A gerente executiva de Economia da CNT, Fernanda Schwantes, explica que, para o setor transportador, os juros elevados encarecem o crédito, inibem investimentos e pressionam os custos operacionais. Segundo o Relatório Focus, a expectativa é que a Selic permaneça nesse patamar até o final de 2025, com a projeção de inflação de 5,5% para o final do ano.

Alívio pontual nos combustíveis

O mês de abril trouxe algum alívio temporário ao setor, com queda de 0,45% no índice de preços do grupo combustíveis.

O óleo diesel, insumo central para o transporte de cargas e de passageiros, teve queda de 1,27% no mês. No entanto, acumula alta de 4,37% no ano, o que aponta pressão sobre os custos das transportadoras e sobre os preços finais de mercadorias e passagens. Etanol e gasolina também registraram queda em abril, mas mantêm elevação no acumulado de 2025.

Já o câmbio apresentou movimento favorável nos últimos meses. O dólar caiu de R$ 6,21 (janeiro) para R$ 5,63 (maio), influenciado pela política monetária e por acordos internacionais. Mesmo assim, a previsão é que encerre 2025 em R$ 5,82, mantendo-se como fator de atenção para empresas que dependem de equipamentos e peças importadas.

Setor se destaca em meio ao desafio macroeconômico

O IBC-Br, índice que antecipa a tendência do PIB, cresceu 0,8% em março, acima das expectativas do mercado. Com esse resultado, houve crescimento de 1,3% no primeiro trimestre de 2025, em relação ao último trimestre de 2024. O mercado projeta crescimento de 2,02% para o PIB em 2025, número sujeito a revisão conforme a evolução do cenário fiscal e dos desdobramentos internacionais.

Fernanda Schwantes analisa que o transporte tem desafios conjunturais relacionados a questões internas e internacionais e também a questões estruturantes a serem solucionadas, como a melhoria das infraestruturas de transporte e maior integração entre as modalidades de transporte. “O desempenho positivo do setor reforça a importância de políticas públicas que garantam previsibilidade e segurança jurídica aos empresários”, afirma.

Acesse: Boletim de Conjuntura Econômica


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