Venda de implementos rodoviários caminha para níveis históricos
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O volume de licenciamentos de implementos rodoviários acumulado até setembro indica que o setor terá um dos melhores anos de vendas da sua história. Nos nove meses de 2021 foram entregues 121 mil implementos e o total pode chegar a 160 mil até dezembro. Esse nível de emplacamento remete ao período de 2009 a 2011, quando os fabricantes entregaram até 190 mil produtos em um ano. Nos anos seguintes, atingidos pela crise econômica, as entrega anuais caíram para 60 mil unidades.

Puxado principalmente pelo agronegócio, e também pela construção civil, a produção de implementos acumula alta de 41,96% sobre o mesmo período de 2020. No ano passado, por conta da pandemia, os fabricantes praticamente ficaram parados entre o fim de março e o início de maio, afetando as entregas. Mas a alta também é expressiva na comparação com o mesmo período de 2019, quando foram licenciadas 89 mil unidades. Nesse caso a expansão é de 34,8%.

Com três trimestres de vendas fechados, o setor mantém a estimativa de atingir o emplacamento de 156 mil produtos neste ano. No início de 2021 a expectativa era de expansão de 10% na comparação com 2020, somando 132 mil unidades. A estimativa atual é de crescimento de 30% ao fim do ano.

O peso do agronegócio fica mais evidente quando se analisa o desempenho por segmento. Do total de 120.930 implementos entregues, 68.274 foram pesados (56,45% do total) e 52.656 leves (43,54%). A linha de pesados cresce 45,6% no ano e a de leves, 37,5%. “Dois terços de nossas vendas estão concentradas em produtos com aplicação no transporte da produção do agronegócio”, informa José Carlos Spricigo, presidente da Anfir, entidade que reúne 150 fabricantes de vários portes espalhados pelo país.

Spricigo disse que o setor trabalha com uma carteira de encomendas que se mantém estável neste momento e está em torno de 90 dias, o que ajuda a enfrentar a alta de juros puxada pela Selic nos últimos meses. “Eventuais variações de juros não atingem esses produtos porque já houve negociações definidas com instituições financeiras.”

Quanto aos custos, os fabricantes tiveram de repassar os reajustes de produtos e insumos, principalmente do aço, que responde por 70% do custo médio do produto final. E ainda enfrentaram a falta de alguns componentes. O caso mais emblemático ficou com os pneus. “Pela legislação, só podemos entregar reboques e semirreboques (linha pesada mais consumida pelo agronegócio) com pneus”, destaca Spricigo. A Anfir entregou à Anip, que representa os fornecedores de pneus, a previsão da demanda em 2022 na tentativa de evitar que o problema se repita no ano que vem.

Segundo os números divulgados ontem pela Anfir, o licenciamento de implementos cresceu 19% em setembro na comparação anual. Foram entregues 13.632 produtos no mês passado contra 11.442 unidades no mesmo período de 2020. Na comparação com agosto, quando foram entregues 15.347 implementos, no entanto, houve queda de 11%.

Spricigo explica que a queda sobre agosto ocorreu em virtude do feriado de 7 de setembro, que resultou em quatro dias sem entregas. O impacto teria sido maior no segmento de pesados. “Isso impediu provavelmente um volume de entrega na faixa de 1.200 reboques e semirreboques (linha pesada) e 600 carrocerias sobre chassis (linha leve), o que devemos recuperar em outubro.”

No mês passado foram licenciados 6.829 implementos pesados, expansão de 6% sobre o mesmo período de 2020. Na linha leve foram entregues 6.803 unidades, alta de 26% na comparação anual.

Já o mercado externo continua sendo um desafio para os fabricantes de implementos. No ano até agosto, último dado disponível, as exportações somaram apenas 3.077 unidades. No mesmo período de 2020 o resultado foi ainda pior, com o embarque de 1.263 produtos. Historicamente o Brasil consegue enviar seus produtos para paises da América do Sul e África.


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