Um fôlego a mais
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Um dos reflexos decorrente da pandemia, e também do isolamento social por ela imposto, foi o aumento das compras online e por consequência, as entregas de produtos em domicílio

Embora as compras via e-commerce não seja uma novidade, e já há algum tempo vem se popularizando pelo país, a pandemia de coronavírus foi responsável por acelerar em poucos meses, o que ocorreria em anos, a massiva incorporação das empresas que voltaram suas operações para esse nicho.

O Brasil registrou um aumento médio de 400% no número de lojas que abriram o comércio eletrônico durante o período da quarentena, representando mais de 107 mil novas lojas, algo como uma nova loja por minuto, nos meses de abril e maio.

De acordo o site E-commerce Brasil, em abril de 2020, o comércio online brasileiro faturou R$9,4 bilhões, um aumento de 81% em relação ao mesmo período do ano passado.

Segundo dados da Intelipost, empresa focada em tecnologia inteligente para logística, que fez uma comparação entre o tráfego de dados registrados em sua plataforma, entre os dias 26 de fevereiro e 10 de maio de 2020, em relação ao mesmo período de 2019, os setores que apresentaram maior crescimento no período foram de Casa e Decoração (250%), Construção e Ferramentas (143%), Artigos de Bebê (126%), Eletrônicos (113%), Materiais de Escritório (107%) e Saúde e Beleza (102%).

“Nosso setor permaneceu ativo, vencendo grandes desafios e o mercado se manteve abastecido, em especial, o e-commerce”, disse Tayguara Helou, presidente do Conselho Superior e de Administração do SETCESP.

Entretanto, atender a uma demanda recorde de forma quase que instantânea, exigiu das empresas de transporte e logística que aprimorassem seus processos para encararem uma nova realidade com agilidade e eficiência no transporte de mercadorias.

“A entrega para o B2C (do inglês business-to-consumer, que significa a venda direta para o consumidor final) foi uma das adaptações que tivemos em virtude da necessidade dos nossos clientes”, explica Marinaldo Barbosa, diretor da especialidade de Abastecimento e Distribuição do SETCESP e da Renascer Express, transportadora que atende ao segmento de carga fracionada.  

Marinaldo conta que durante o fechamento do comércio – que na cidade de São Paulo durou 82 dias, de 20 de março a 9 de junho, –  surgiu em sua empresa uma demanda para fazer entregas aos consumidores finais de seus clientes e não mais nas lojas de varejo, destacando que com a queda do volume de cargas nesse período, essa nova estratégia de operação ajudou a segurar a diminuição de receita na empresa.

A pesquisa realizada pela NTC&Logística (Associação Nacional de Transporte & Logística) que tem monitorado a demanda do volume de carga nas empresas de transporte, desde de o início da pandemia no país, apontou uma queda no mês de abril de quase 50%.

O último boletim apontado pela associação, antes do fechamento dessa edição, com apuração entre os dias 6 a 12 de julho, informava que esse recuo já estava menor, na faixa dos 27,28%.

“Com as lojas fechadas os comerciantes recorreram ao caminho de vendas pela internet e nós, transportadores, passamos a fazer as entregas, mostrando a flexibilidade do nosso setor de se adaptar com aquilo que o mercado foi nos propondo”, diz Marinaldo.

Informações do Jornal Valor Econômico, publicadas no dia 26 de junho revelam que grandes marketplaces, como B2W, Magazine Luiza e Mercado Livre, viram o número de usuários triplicar e assistiram ao crescimento das vendas de categorias de produtos, que antes apresentavam menor preferência de serem adquiridos no formato e-commerce, a exemplo de alimentos perecíveis e artigos de saúde.

Nos primeiros 20 dias do mês maio, o Magazine Luiza com a maioria lojas físicas fechadas no Brasil, registrou um aumento de vendas de 46% em relação ao mesmo período de 2019. Com resultado do desempenho recorde de sua plataforma de e-commerce, o Magalu, que teve um crescimento de 203% no período.

“Hoje você compra de tudo pela internet, desde um telefone celular até uma geladeira, ao que parece, antes as lojas que não davam importância para esse canal de vendas passaram a dar, e assim surgiram mais oportunidades, inclusive para as transportadoras”, comenta o Conselheiro Fiscal do SETCESP e diretor da TDB Transportes, Thiago Menegon relatando que a empresa passou a atender mais o B2B, desde de março. “O consumo não acabou, até diminuiu, mas principalmente, mudou de canal”, afirma.

Outro caso de sucesso, que recebeu destaque e evidencia o aumento de vendas online foi o Zé Delivery, serviço de entrega de bebidas criado em 2016 pela Ambev, mas que veio ganhar maior notoriedade nesses tempos pós-pandemia. Nos meses de março e abril, a plataforma registrou 1,6 milhão de transações, mais do que todas as vendas feitas em 2019.

 “O Zé Delivery, ajudou os bares a manterem suas vendas, e nós também, transportando para esses bares. Em outro momento, nossas entregas apenas eram direcionadas a pessoa jurídica, agora estamos fazendo algumas entregas em casas de consumidores. Atualmente, estamos avaliando esse novo sistema”, reconhece Ramon Alcatraz, CEO da Fadel Transportes e diretor da especialidade de transporte de bebidas do SETCESP.

“Estamos nos perguntando como iremos aproveitar essa onda. São oportunidades fundamentais para serem vista também na crise. É no momento de dificuldade que as empresas se mostram flexíveis.” complementa.

Legados da crise

Com a reabertura do comércio, muda também a dinâmica do mercado. No entanto, o
e-commerce tem se mostrado mais do que apenas uma alternativa para a manutenção do faturamento dos empreendimentos de varejo, ele se configura agora, como a principal fonte de renda de muitos negócios.

As empresas que passaram por um processo de inovação online, com a criação ou expansão das vendas pela internet, seja via Instagram, WhatsApp ou marketplace, dificilmente voltarão atrás e deixarão de usar esse recurso.

Por consequência, as transportadoras devem trilhar nesta mesma direção.

“O consumidor que teve uma boa experiência de compra via e-commerce, inclina-se a voltar a comprar por esse meio, e talvez esse seja um caminho sem volta também para as transportadoras que passaram a atender esse formato. Esse é um mercado importante para quem atende o segmento de carga fracionada, e tende a crescer” acredita Marinaldo.

“A percepção do consumidor mudou, atualmente a tecnologia impacta mais a vida dele e para o acompanhar nisso, nós empreendedores do transporte teremos que investir também igualmente em tecnologia, para ter capilaridade e plena capacidade de atendê-lo”, constata Ramon.

A tecnologia de fato se transformou na grande aliada do setor para o momento que exigiu rápida adaptação, com soluções inovadoras. Aplicativos, QR code e softwares avançados nunca foram tão decisivos para garantir o fluxo global (e local) de despachos e entregas.

Mas, além disso há outros fatores que são decisivos para o sucesso dos negócios e o aumento da demanda. Entre os empresários é quase uma unanimidade crer que na crise quem esteve mais preparado, pode sair mais fortalecido dela.

“Sobre isso tenho até uma história que retrata muito bem a fase que vivemos: havia dois homens pescando quando avistaram de longe um leão. Um deles de pronto saiu correndo. O outro se preocupou em colocar antes os sapatos. Quando o primeiro olhou pra traz e o viu terminando de se calçar disse –  seu estúpido acha que vai correr mais rápido que um leão?! – O outro lhe respondeu, mais do que leão não, porém mais que você, sim. –  A crise é o leão. Vindo para nossa realidade significa que, aquele que está mais preparado vai conseguir correr por mais tempo. O que está desprevenido, provavelmente, será pego pelo leão. Tendo sido saciado por um, talvez o leão deixe de ter fome e o outro escape ileso”, pondera Ramon.

Para te ajudar a estar pronto e atento às mudanças que o momento exige, o SETCESP compartilha em suas mídias muitas informações sobre economia, investimentos e legislação.  Afinal, conhecimento faz parte de toda a preparação.

 

 


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