Pelas leis do município de São Paulo, um VUC – Veículo Urbano de Carga – não pode medir mais que 6,30m de comprimento. Na vizinha Osasco, dentro da mesma região metropolitana, o critério já é outro: o limite pode chegar até 7,20. Em Porto Alegre, a restrição no centro da cidade serve para veículos acima de 3 toneladas. Já em Cuiabá aceita-se veículos de até 24 toneladas. Esta diversidade de normas complica o desafio diário da entrega urbana de mercadorias. Além disso, se houvesse uma legislação única, o custo das operações seria menor e até o valor dos veículos poderia cair.
Este foi o tema do seminário “VUC: Solução para a Mobilidade Urbana”, que abriu na terça-feira (18) a primeira VUCFAIR 2014 – Salão dos Veículos Comerciais Leves – que termina hoje (21) em São Paulo.
“O caminhão só é bem vindo quando chega para entregar a geladeira nova. Fora isto, é sempre visto como problema”, reclamou durante sua palestra Manoel Souza Lima Junior, presidente do Setcesp, o sindicato que representa as empresas de transportes de São Paulo.
E o pior é que isto não acontece apenas no Brasil, mas no mundo todo. A entidade organizou um grupo de empresários para conhecer a rotina das entregas urbanas em Nova Iorque. A gigante UPS, por exemplo, que possui uma frota de milhares de caminhões, tem muitos problemas para estacionar: “Para se ter uma ideia das dificuldades, eles já pagaram mais de US$ 12 bilhões só de multa”.
Para obter ganhos de produtividade, além de uma norma única para toda região metroplitana de São Paulo e grandes capitais, as lideranças presentes no seminário defenderam a criação de centros logísticos consolidadores onde as cargas seriam fracionadas antes de entrar nas grandes cidades. Em São Paulo, a sugestão seria construir estes centros, por exemplo, ao longo do Rodoanel.
Segundo pesquisa realizada pela NTC&Logística, mais de 100 cidades brasileiras já criaram algum tipo de restrição ao tráfego de caminhões.“O desafio é conciliar o trânsito de pessoas e cargas no mesmo espaço. Em tese, não deveria haver restrições ao trânsito de caminhões nos grandes centros, uma vez que eles representam uma parcela muito pequena da frota”, defendeu o consultor técnico da entidade, Neuto Gonçalves dos Reis.
Estudo realizado em 417 diferentes cidades da Europa pela PwC (PricewaterhouseCoopers) em 2010 apontou a existência de algum tipo de regulação ou restrição de circulação em nada menos do que 84% das cidades pesquisadas. E o Brasil também caminha para isso.
Segundo dados apresentados pelo presidente da Anfavea Luiz Moan Yabiku Junior, também durante o seminário, o maior crescimento da frota de veículos vem acontecendo nas cidades de até 5 mil habitantes: “Enquanto o crescimento em São Paulo foi de 6%, nestas cidades o licenciamento de veículos cresceu 142%. Ou seja, daqui a pouco os mesmos problemas das grandes cidades chegarão também ás cidades médias e pequenas”, previu.
As crescentes restrições de tráfego a caminhões em grandes cidades vêm impulsionando a venda de VUCs. Segundo a Fenabrave (Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores), de janeiro a agosto de 2014, foram comercializados 533.645 novos veículos. O número representa um aumento de 0,53% comparado ao mesmo período de 2013.
Pelos dados do Detran-SP, em cinco anos, a frota dessa categoria de veículos cresceu 49,5%. No final de 2008, os 600.553 saltaram para os atuais são 897.471 VUCs, registrados pelo órgão na capital paulista até julho de 2014. No estado de São Paulo o aumento foi ainda mais expressivo, passando de 1.718.354 para mais de 2,8 milhões de Veículos Urbanos de Carga em circulação, ou seja, 67,8% de aumento.
voltar