O período serviria de teste para ver qual o impacto dos VUCs no trânsito da capital. Segundo o presidente do SETCESP, Francisco Pelucio, o fato de a circulação do VUC ser permitida dia sim, dia não, trouxe veículos antigos à frota paulistana, o que talvez tenha aumentado ainda mais a lentidão do trânsito. “Para substituir um VUC é preciso entre três e quatro utilitários para carregar a mesma quantidade de carga“, declarou o dirigente.
Para ele, como muitos transportadores optaram pelo veículo antes da legislação e, portanto, fizeram investimentos em frota deste tipo, a alternativa foi trazer utilitários antigos para fazer as entregas depois da restrição. Vale ressaltar também que a permissão de circular em dias alternados não é definitiva e vence no fim de novembro.
Duas grandes empresas do segmento que atuam em São Paulo, TNT e Gafor, têm optado por veículos menores para não deixar os VUCs parados durante metade da semana. De acordo com o presidente da TNT no Brasil, Roberto Rodrigues, a opção de adquirir VUCs depende de como vai ficar a legislação. “Tendo a definição, vamos repensar a estratégia de frota“, disse. Segundo o executivo, depois de anunciada a restrição, a companhia trocou os VUCs que circulavam em São Paulo por veículos menores que estavam em outras filiais, como Curitiba, por exemplo.
Luiz Henrique Lissoni, diretor da divisão de logística da Gafor, ressalta que este tipo de manejo na frota acarreta em custos operacionais maiores. “Podemos estimar algo entre 25% e 30% de aumento dos custos“, afirmou, ao explicar que o maior número de veículos implica na necessidade de áreas de estacionamento, mais tempo para a conferência e montagem das mercadorias, além de combustível e funcionários a mais para viabilizar as entregas.
Em ambos os casos, no entanto, os executivos não se colocam contrários à legislação. A opinião é de que isto não é um movimento isolado e a tendência de outras metrópoles adotarem medidas semelhantes é grande. Belo Horizonte está preparando legislação e o Rio de Janeiro já conta com uma. “Acho que é preciso apenas que o poder público invista em infraestrutura e o varejo se prepare melhor para se abastecer durante a noite“, acrescentou Lissoni.
No caso do varejo, o grande problema do abastecimento noturno é a segurança. Outro fator que influí é o aumento de custos por conta de horas extras pagas aos funcionários para trabalharem à noite. As concessionárias de automóveis são tidas como exemplo de adaptação às restrições.
Para o SETCESP, as chances de liberação dos VUCs para um teste entre janeiro e março de 2010 são grandes. O presidente da entidade informou que as conversas têm caminhado bem. “A inauguração do Rodoanel deverá aliviar bastante o trânsito da capital, o que pode fazer a prefeitura rever as regras para os VUCs“, disse Pelucio.
Por: Guilherme Manechini
voltar