Sem acordo, Câmara retira reforma do IR de pauta pela segunda vez
Compartilhe

A votação da reforma tributária no Imposto de Renda (PL 2.337/21) na Câmara dos Deputados foi novamente adiada nesta terça-feira (17). Os deputados não conseguiram chegar a um acordo no que diz respeito à tributação de dividendos, que hoje são isentos e, pelo projeto, passariam a ser taxados em 20%, com exceção de empresas com renda anual até R$ 4,8 milhões. Desta forma, o requerimento de retirada de pauta, apresentado por partidos de oposição, foi aprovado com 390 votos favoráveis e 99 contrários.

Um grupo de parlamentares defende uma menor alíquota nos dividendos ou uma espécie de escalonamento. Na semana passada, a Frente Parlamentar Pelo Brasil Competitivo divulgou um posicionamento, que foi entregue ao relator do PL 2.337, Celso Sabino (PSDB-PA), com uma série de sugestões de mudanças. Uma delas propunha limitar a taxação de dividendos em 15%, em uniformidade ao que será pago nas aplicações financeiras.

Entre os deputados, há quem defenda a alíquota em 10%. Isso, no entanto, resultaria em uma perda de arrecadação para os municípios, que têm forte lobby no Congresso e querem, a todo custo, evitar o prejuízo com o projeto. Por isso, representantes dos municípios chegaram a firmar um acordo com o governo e os parlamentares para rejeitarem um recurso para apreciação em Plenário do PL 3.776/2008.

Estratégia da oposição

Desde que o projeto passou a tramitar em regime de urgência, há duas semanas, a oposição tem tentado ganhar tempo para conter danos. Os parlamentares entendem que a taxação de dividendos é uma vitória, já que esta é uma antiga bandeira dos deputados mais alinhados à esquerda, mas entendem que as perdas de arrecadação dos entes subnacionais (estados e municípios) é um grave problema do PL 2.337.

Nós precisamos de tempo para discutir essa proposta. O relatório piora de forma impressionante o projeto do governo, sendo mais regressivo, desonerando pessoas físicas e onerando assalariados de baixa renda. Por isso, nós temos que com mais tempo também tentar compatibilizar a reforma do imposto de renda com a simplificação e, principalmente, botar a progressividade, botar os ricos para pagar mais impostos e não os trabalhadores e trabalhadoras. Então há aspectos positivos, mas há aspectos ainda mais relevantes e negativos”, afirmou o deputado Afonso Florence (PT-BA).

Já o líder da minoria, deputado Marcelo Freixo (PSB-RJ) defendeu a votação do texto e dos destaques na semana que vem para “ganhar mais tempo” para enfrentar o tema “com mais qualidade”, resultando em “uma votação com mais serenidade”.

“O tema da reforma tributária é da maior importância. Nós da oposição queremos que essa reforma tributária alcance e combata a desigualdade social. Faça, definitivamente, o que nunca foi feito, que é a tributação de lucros e dividendos. Que promova, através da reforma tributária, um debate para combater a desigualdade social e econômica neste país”, pontuou.

Já o relator do PL, deputado Celso Sabino (PSDB-PA), disse entender o posicionamento dos colegas e ressaltou que novas sugestões ao texto foram acatadas hoje. O parecer de Sabino, vale lembrar, já está na sua quarta versão.

“Várias sugestões foram atendidas hoje. Quero aqui destacar o amplo diálogo que tenho mantido com o Deputado Afonso Florence, do pela Liderança do PT, por meio do qual avançamos, por exemplo, com a retirada do PAT do programa; no reajuste dos percentuais que podem ser doados a entidades filantrópicas; não só com o fim da dedutibilidade dos juros sobre capital próprio, mas com a extinção deles”, disse o relator.

Com o anúncio de mais mudanças no relatório, ainda não é possível calcular o impacto da reforma nas contas públicas — e essa tem sido uma das principais reclamações de associações ligadas à indústria, empresários e representantes de entes subnacionais. Os deputados voltarão a se reunir na próxima semana para discutir o tema.


voltar

SETCESP
Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.