Precificando bem o frete
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Ter um galpão cheio de cargas e vários veículos em rota pode dar a impressão de que o negócio está prosperando. Mas, no transporte rodoviário de cargas, movimento nem sempre é sinônimo de rentabilidade, e especialistas esclarecem o porquê. O segredo está no preço do frete

“Obviamente, que o veículo parado não gera receita, mas o veículo rodando sem estar sendo remunerado como deveria também não”, fala a economista e coordenadora do IPTC, Raquel Serini. “Cobrar incorretamente pelo volume de serviço pode transformar todo o esforço em uma ilusão. Se o frete estiver abaixo do que deveria, você pode estar pagando para trabalhar”.

O especialista em Supply Chain Management e professor universitário Mario Ievenes concorda e aponta que os primeiros sinais de alerta surgem quando o fluxo de caixa começa a dar problemas. “Falta de recursos para honrar compromissos com fornecedores, atraso no pagamento de salários e impostos, ou necessidade constante de antecipar recebíveis via banco já indicam que algo está errado”, afirma.

“Se o frete estiver abaixo do que deveria, você pode estar pagando para trabalhar”, Raquel Serini

Para não cair nessa armadilha, Ievenes recomenda que todas as despesas administrativas e operacionais, ­incluindo terminais, impostos e margem de lucro, sejam consideradas na formação do preço. De forma simples, é isso que o transportador tem que levar em consideração para ser remunerado adequadamente de todos os seus gastos e ainda ter um resultado positivo.

Enquanto isso, a economista reforça que precificar é mais do que colocar um valor no serviço e observa que a empresa precisa pensar estrategicamente na viabilidade a longo prazo. “O preço é uma das ferramentas que mantém o negócio. Uma tabela de preço não pode ser estabelecida informalmente, escrita à mão em papel de pão. A transportadora precisa considerar o quanto deseja ser rentável para ser competitiva no mercado”.

“Na formação do valor do frete, seja para carga lotação ou fracionada, é fundamental considerar todos os custos operacionais, incluindo coleta, transferência e entrega”, destaca Ievenes. O tema é apresentado no curso do SETCESP ministrado por ele, que se chama ‘Como estruturar tarifas no TRC: Frete valor, GRIS, TSO, taxas, pedágio, tributos’.

Já entre os pontos que mais merecem a atenção, na opinião de Serini, é que na precificação do serviço esteja contemplada a exposição ao risco de roubo e acidentes.

“O gerenciamento de risco (GRIS) exigido pelo cliente, ainda que seja um investimento também é custo, assim como os seguros obrigatórios de responsabilidade do transportador e, é preciso repassar isso”. Este é um dos tópicos centrais do curso em que Serini ensina aComo calcular o frete e que está disponível na plataforma EAD do SETCESP.

 “Agir antes da crise é garantir a saúde do negócio. Reagir depois é lutar para sobreviver”

Outro ponto importante, mas frequentemente negligenciado, é a cobrança correta das chamadas generalidades, taxas que compensam condições especiais ou desafios adicionais da operação. São elas:

  • TDE – Taxa de Dificuldade de Entrega;
  • TPD – Taxa para Pagamento de Descargas;
  • Estadia do Veículo: tempo de espera para carga ou descarga fora do prazo;
  • EMEX – Emergência Excepcional; e
  • TRT – Taxa de Restrição ao Trânsito.

Mais uma coisa que não deve ser ignorada é a cobrança antecipada do pedágio. “Jamais a empresa deve pagar o pedágio para depois receber o reembolso. A obrigatoriedade do pagamento antecipado é Lei”, reforça Serini.

Em casos de aumentos significativos de insumos, reposição de perdas em função de inflação ou aumento nos custos devido a alterações no formato da operação, se faz necessário uma revisão de tarifas. O professor adverte que estas questões devem estar claras e acordadas com o embarcador e lembra que as tabelas de frete podem ser revisitadas, mas que isso envolve questões contratuais e comerciais.

“O ideal é acompanhar de perto os indicadores econômicos e financeiros da empresa e evitar que a situação chegue ao vermelho. Agir antes da crise é garantir a saúde do negócio. Reagir depois, é lutar para sobreviver”.

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