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06 de Março de 2015 – 04h18 horas / Luiz Marins

Acredito que um dos maiores desafios contemporâneos seja o de ser mulher. Nas sociedades tradicionais e anteriormente aos anos sessenta os papéis da mulher eram claramente definidos: mãe, esposa, dona de casa, enfermeira, professora em meio período, etc. Eram poucas e honrosas exceções as que se arvoravam no mundo científico e menos ainda na vida empresarial onde seu papel era quase sempre de coadjuvante do homem.

Hoje a mulher se libertou dos jugos que a mantinham presa a esses papéis. A mulher hoje compete em todas as esferas com os homens. Não há nada que uma mulher não possa ser ou fazer na sociedade contemporânea. Assim, temos hoje excelentes médicas, dentistas, advogadas, cientistas, executivas, delegadas de polícia, policiais federais e militares, motoristas de caminhão e de taxi e o que mais queiramos nomear.

Entretanto, por enquanto (sic!) só a mulher pode engravidar e ter filhos. E uma gestação leva nove meses (também por enquanto…). No mundo competitivo em que vivemos, nove meses com algumas restrições e mais licença maternidade, deixa a mulher em desvantagem em promoções, transferências, novos desafios nas empresas. Segundo pesquisas recentes que questionam a razão de não haver mais mulheres em altos cargos executivos em países bastante liberais como os da Escandinávia, por exemplo, os principais motivos são as restrições naturais que mulheres com família possuem. Com filhos pequenos elas não podem ficar no trabalho até muito tarde. E, apesar de toda a força pela divisão igualitária de tarefas entre marido e mulher, quando um filho pequeno adoece, ele ainda exige mais a presença da mãe do que do pai, afirmam as pesquisas. Assim, é sabido que a mulher que trabalha tem dupla ou tripla jornada de trabalho, pois ao ir para casa tem toda uma série de tarefas que a sociedade ainda espera que seja responsabilidade da mulher. E para repor a população é preciso que uma mulher tenha no mínimo dois filhos – um para repor a si mesma e outro para repor a um homem. Por tudo isso, países mais desenvolvidos, inclusive o Brasil, já estão com índice de fertilidade abaixo do nível de reposição (1,7 no Brasil e ainda menores na Europa), o que vem preocupando os governos que precisam abrir a imigração para atender a demanda de serviços, criando uma outra série de problemas.

Assim, o mundo continua a ruminar seus grandes problemas e a mulher me parece ser, mais uma vez, a grande vítima. A sociedade tem buscado vários arranjos para acomodar tantos desafios, mas nenhum deles parece ser plenamente satisfatório nem para as mulheres, nem para a sociedade.  Sobre seus ombros se colocam os problemas gerados pelas contradições contemporâneas e sobre seu colo acabam caindo a maioria das esperadas soluções.

Assim, o Dia Internacional da Mulher deve ser de reflexão sobre os caminhos a seguir; sobre o que fazer e como equilibrar vida pessoal e vida profissional, conciliar trabalho e família e como questionar o mundo materialista e consumista em que nos metemos.

Pense nisso. Feliz Dia Internacional da Mulher! Sucesso!


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