Novas ferramentas para conduzir a sucessão familiar
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Estima-se que apenas 12% das empresas familiares chegam à terceira geração, segundo a Pesquisa de Empresas Familiares no Brasil, PWC, 2018. Esse dado ilustra o quanto as transições geracionais costumam ser desafiadoras para os negócios. Foi pensando nessa realidade que o Sistema CNT realizou, na semana passada, o Workshop Family Business. Conduzida pela HSM, a oficina reuniu grandes especialistas que apresentaram ferramentas voltadas para o setor de transporte, majoritariamente formado por empresas de origem familiar.

Nome à frente de programas do MIT Sloan School of Management, em Massachussets, o professor John Davis teve a oportunidade de expor em detalhes o seu “Modelo de Três Círculos” para empresas familiares. O acadêmico mostra que os círculos da família, da propriedade e dos negócios têm dinâmicas autônomas e interseções. “É preciso saber usar o chapéu correto na hora correta”, defende, contando um exemplo pitoresco de um pai-patrão que foi obrigado a demitir um mau funcionário — no caso, o filho.

Davis trouxe casos reais e sugeriu desenhos de conselhos mistos para diminuir os eventuais atritos inerentes a negócios familiares. Para ele, conselhos menores, com até nove membros, funcionam melhor e devem mesclar talentos internos com a expertise de gestores profissionais. Ele frisou, porém, que nenhuma assessoria externa substitui a chama dos grandes empreendedores, que começaram com muito pouco e criaram um império. E que esses patriarcas/matriarcas precisam liderar os processos de transição e ajudar a preparar seus sucessores.

É possível manter a tradição em um mundo de mudanças disruptivas? Esse impasse foi enfrentado nas demais palestras do evento. José Salibi Neto, coautor do best-seller “Gestão do Amanhã” e um dos fundadores da HSM, advoga a necessidade urgente de se oxigenar a cultura das empresas. “A cultura é uma trava. A gente vê que a questão (do enfrentamento de fatores disruptivos) é muito mais humana do que tecnológica. Tem que fazer auditoria no mindset das pessoas”, provoca. E complementa: “A empresa que não tiver seu pessoal aprendendo o tempo todo, essa vai morrer”. Para ele, as transições de cultura precisam ser tão planejadas quanto as trocas de geração.

Mary Nicoliello, por sua vez, enfatizou o papel da gestão de afetos durante as trocas de bastão na família. Responsável pelo Departamento de Empresas Familiares na PwC, a psicóloga aposta nos valores do clã como bússola para enfrentar momentos de rupturas. “Nas sucessões, você não quer deixar ninguém para trás. É certo que diferentes perfis geram conflito, mas cada indivíduo sente e pode contribuir. Se blindar demais, se separar demais as esferas, você mata a alma da família empresária”, argumentou. Quanto à transição tecnológica, que vem assustando muitos CEOs, Mary propõe que se tenha foco, cada vez mais, nas qualidades exclusivamente humanas, ainda não alcançadas pela inteligência artificial. São elas: visão de futuro, interseções, influência, percepção-foco-solução, transdisciplinaridade e autoconhecimento. “Esses são nossos superpoderes”, arrematou.


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