Simplesmente não é verdade que o brasileiro não quer aprender, não tem desejo de aprender.
Nestas últimas semanas tenho participado de eventos com mais de mil pessoas que compraram ingressos para assistir uma aula de duas horas de um professor. Essas aulas, chamadas de “palestras” no Brasil, enchem auditórios de centros de convenções, hotéis e mesmo igrejas. Não há, em nenhum lugar do mundo esse tipo de atividade pública, onde as pessoas compram ingressos, não para assistir um show de música, teatro, ballet ou filme, mas para assistir uma aula.
É igualmente incrível como após as aulas-palestras os participantes vão ao encontro dos professores para perguntar, tirar dúvidas, pedir sugestões de leitura, etc. Não vejo isso em nenhum outro lugar do mundo.
No mundo todo há congressos, simpósios, conferências, mas quase sempre voltados a uma classe profissional ou membros de uma associação, sindicato, universidade. O que digo ser totalmente incomum é uma pessoa ver um outdoor na rua ou uma publicidade qualquer informando que haverá uma palestra e, individualmente, sem pertencer a nenhuma agremiação, comprar um ingresso e ir assistir uma aula, da mesma forma como vai ao cinema ou ao teatro.
Algumas empresas brasileiras promotoras de palestras tentaram levar esse conceito para o exterior e nem sempre obtiveram êxito. Realizamos eventos e palestras para brasileiros residindo aqui no Japão, mas os japoneses nativos acham muito estranho esse tipo de atividade e quase nunca participam, afirmou um brasileiro que promove eventos no Japão.
Da mesma forma, há brasileiros fazendo esse tipo de evento para brasileiros na Inglaterra e mesmo Portugal, mas o público-alvo são os brasileiros residentes nesses países, me afirmaram os promotores.
Assim, a ideia de que o brasileiro não gosta de aprender, não tem interesse pelo conhecimento é, no mínimo, uma meia verdade. A explicação pelo apelo que essas aulas-palestras públicas têm, talvez se explique pelo fato de que as escolas, principalmente as universidades são muito teóricas e distantes da realidade do dia a dia e do mercado e essa aulas-palestras quase sempre muito práticas e voltadas para a realidade concreta das pessoas.
E quanto à possível crítica de que essas aulas-palestras são apenas de “autoajuda” basta ver que o conteúdo da maioria delas trata de temas de gestão, tecnologia, ciência e assuntos que nada tem a ver com o que, preconceituosamente, se denomina ‘autoajuda”.
E você? Como está o seu desejo, disposição e ação para aprender?
Pense nisso. Sucesso!
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