Os efeitos dos robôs sobre as organizações incluem redução nos ciclos de planejamento e desenvolvimento de novas habilidades
Como sobreviver em um mundo onde a tecnologia ganha cada vez mais espaço e sistemas com inteligência artificial tornam muitas ideias obsoletas? Esse foi um dos debates do Workshop Inovar, Capacitar, Avançar, realizado entre os dias 24 e 26 de julho, na CNT (Confederação Nacional do Transporte), em Brasília. O evento é o primeiro projeto do Fórum de Inovação do Transporte, criado pelo Sistema CNT, e faz parte de uma parceria com a Universidade de Stanford, dos Estados Unidos.
No mundo do transporte, essa realidade vem se tornando cada vez mais presente, como por exemplo no caso dos caminhões autônomos. "Tudo isso significa uma grande ruptura da sociedade. Creio que a transição virá de forma rápida. Precisamos estar preparados para as mudanças", acredita Neil Jacobstein, copresidente da área de inteligência artificial e robótica da Singularity University, localizada no Parque de Pesquisas da Nasa, na Califórnia (EUA).
Ele citou outros tipos de rupturas que estão transformando algumas vendas e serviços, como a Amazon, que retirou espaço do mercado das livrarias; o Skype, em relação às ligações telefônicas; o Google, em relação às bibliotecas; além do Airbnb, no caso das redes de hotelaria.
Segundo Jacobstein, atualmente, há cerca de 250 startups na área de transporte público em todo o mundo, em áreas como mobilidade, carga, comércio eletrônico, logística, área aeroespacial. "A maior parte dessas companhias não existia há dois anos", ressaltou. Para Neil, a migração entre os sistemas atuais e os do futuro virá com o tempo. Primeiro, virão os sistemas híbridos – que misturam tecnologias antigas com inteligência artificial – e, em seguida, haverá somente inteligência artificial. A solução, de acordo com ele, é que empresas invistam em projetos flexíveis, que possam ser adaptados às mudanças. "Um projeto que vai levar anos para ser construído não é interessante porque pode se tornar ultrapassado", disse.
Mas se há temor de que a inteligência artificial substitua a humana, a diretora-executiva da mediaX – programa de parcerias setoriais e acadêmicas que analisa o impacto da tecnologia da informação sobre a sociedade -, da Universidade de Stanford, Martha Russell, destaca que todo sistema de robôs precisa de pessoas. "Os melhores algoritmos e as melhores decisões são tomadas por pessoas. Existe um alento aí", afirmou. No entanto, ela alertou que o advento de novas tecnologias impacta no planejamento das empresas. "Dependendo da tecnologia, seu ciclo de planejamento pode diminuir. É como surfar numa tempestade", afirmou. Os profissionais, por sua vez, terão que se adaptar e, principalmente, desenvolver habilidades para lidar com os novos sistemas, muitos dos quais ainda não existem, mas que devem surgir nos próximos anos.
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