“Fui eleito com um plano agressivo de privatizações e concessões e estou cumprindo este compromisso”, diz Doria
Compartilhe

Em 2016, João Doria (PSBD), assumiu o cargo de prefeito da capital paulista, dois anos mais tarde, venceu as eleições para o governo do estado de São Paulo. Em entrevista à Revista SETCESP falou sobre as medidas adotadas para combate ao coronavírus, e com quais critérios elas foram estabelecidas. Ao longo da conversa, também destacou o que agora pretende fazer para reestruturar a economia do estado abalada com a crise gerada pela pandemia, e quais ações visa implementar na área de infraestrutura

Quais foram as principais ações do Governo do Estado para o enfrentamento da pandemia de Covid-19? E como foi definida a ordem de prioridade do que foi realizado?

A principal medida é salvar vidas e respeitar a ciência, a medicina e a saúde. Em 31 de janeiro, lançamos o primeiro plano de combate ao coronavírus e formamos um comitê estratégico. Depois, em 26 de fevereiro, fomos a primeira administração pública a criar um Centro de Contingência com médicos especialistas, então sob o comando do infectologista David Uip. No mês de março, iniciamos as medidas de quarentena e distanciamento social e, em maio, o Plano São Paulo foi lançado para faseamento das restrições. Dobramos, em tempo recorde, a capacidade de leitos de UTIs na rede de saúde, feito inédito nos últimos 40 anos. Estamos dando ampla transparência a todas as ações, inclusive a etapa final da busca por uma vacina por meio do Instituto Butantan. 

Depois da maior concessão rodoviária do País, – o corredor rodoviário Piracicaba-Panorama, o que mais podemos esperar em termos de concessões de rodovias no estado para melhorar a infraestrutura logística?

A concessão PiPa é um marco histórico para São Paulo e o Brasil. Foi o maior leilão rodoviário do país, com 1.273 km de estradas reunidas em um único lote e que recebeu oferta vencedora de R$ 1,1 bilhão e previsão de investimentos de R$ 14 bilhões em 30 anos e com total responsabilidade ambiental. Fui eleito com um plano agressivo de privatizações e concessões e estou cumprindo este compromisso. No setor rodoviário, nossos maiores desafios são entregar a Nova Tamoios totalmente duplicada e a conclusão do Rodoanel até o final de 2022.

Como o setor privado pode ajudar o Brasil na recuperação da crise?

Na nossa gestão, a iniciativa privada é tratada com o protagonismo a que sempre fez jus. O melhor programa de distribuição de renda do mundo é a geração de empregos e o desenvolvimento social. Sou defensor de uma economia liberal e da atração de investidores nacionais e internacionais a todas as áreas para que o poder público possa se dedicar com mais qualidade, presença e eficiência aos setores prioritários: saúde, segurança pública, educação, emprego e habitação. Essa condição será ainda mais urgente após a crise sanitária. Precisaremos de investimentos excepcionais para superar os efeitos devastadores do coronavírus sobre a economia.

O transporte de cargas foi considerado essencial e manteve suas operações para abastecer a população e estabelecimentos também considerados essenciais. Qual é a relevância do setor no estado de São Paulo?

O transporte de cargas é imprescindível para a economia de São Paulo, é uma área estratégica que precisa voltar a receber aportes tão logo a pandemia seja superada. Ampliar e modernizar a infraestrutura de logística em diferentes modais é uma das metas mais ambiciosas e ousadas de nosso governo. Para reduzir o custo do frete, introduzimos a tarifa flexível de pedágios nas novas concessões. Além da conclusão das grandes obras rodoviárias, temos o programa Pró-Vicinais para recuperar as estradas que escoam a produção do agronegócio. Pretendemos conceder à iniciativa privada o Porto de São Sebastião e a Hidrovia Tietê-Paraná para ampliar os modais de escoamento de carga em nosso estado. Também sou defensor da privatização do Porto de Santos e pretendo voltar a discutir esse tema com o Ministério da Infraestrutura.

Foi anunciada uma parceria com a China para a testagem de uma vacina contra o Covid-19. Quais resultados o governo estadual pretende obter e em quanto tempo? Já há uma expectativa para a vacinação preventiva?

A parceria entre o Instituto Butantan e o grupo Sinovac Biotech, um dos maiores laboratórios privados da China, está muito próxima de obter a tão esperada vacina. Desenvolvida com cepas inativas do vírus, uma tecnologia amplamente conhecida pelo Butantan. A última fase de testes clínicos já começou no Brasil, com o apoio de 9 mil voluntários e 12 centros de pesquisa médica de excelência comprovada. Esta etapa deve acabar agora no final de outubro ou início de novembro e, se for aprovada, o Butantan vai produzir 120 milhões de doses para distribuição gratuita à população pelo SUS.

Como foi conciliar interesses de diferentes setores, que querem retomar suas atividades com as recomendações dos especialistas da saúde, que veem no isolamento social o processo mais eficaz, contra a disseminação da doença?

O Governo de São Paulo é sensível às justas reivindicações dos mais diferentes setores econômicos duramente afetados pela pandemia. Tanto é que criamos um comitê com economistas e autoridades estaduais para ouvir as sugestões da iniciativa privada. Porém, a medicina, a saúde e a ciência recomendam as medidas de distanciamento social e restrição de mobilidade como principais armas que temos para salvar centenas de milhares de vidas até a chegada de uma vacina. É a pandemia do coronavírus que prejudica a economia em São Paulo, no Brasil e em todo o mundo, e não a quarentena heterogênea e faseada como a que adotamos. Nossas decisões se respaldam em critérios científicos, e não em pressões políticas, econômicas, ideológicas ou de qualquer outra ordem.

Considerando que a pandemia gerou uma retração econômica e agravou a situação financeira das empresas, qual será o papel do Estado para restabelecer os índices de crescimento?

Esse será o principal e maior desafio do Governo de São Paulo ao final da pandemia. A economia global foi brutalmente atingida pelo coronavírus e temos que agir de forma enérgica e ousada para evitar uma recessão prolongada com consequências catastróficas. A exemplo do que fiz ao longo de todo o ano de 2019, pretendo liderar pessoalmente missões comerciais a outros países e atrair investimentos externos para São Paulo. Além disso, nossa equipe de Secretariado já trabalha na elaboração do Plano 2021-2022 de retomada econômica. As estratégias estão sendo conduzidas pelo Secretário de Fazenda Henrique Meirelles, cuja competência é reconhecida em todo o mundo e dá a São Paulo ainda mais credibilidade para parcerias internacionais com o setor privado.


voltar