Free Flow: será que o novo modelo traz economia de pedágio?
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Por Raquel Serini

O novo sistema de pagamento automático de pedágio — o free flow, que não utiliza as tradicionais praças com cancelas, começou a valer no final do mês de março, na Rodovia Rio-Santos (BR-101), entre Ubatuba/SP e a cidade do Rio de Janeiro/RJ.

Ele funciona por meio de equipamentos de monitoramento instalados em três pórticos, localizados no estado do Rio de Janeiro nos quilômetros 414 (Itaguaí), 447 (Mangaratiba) e 538 (Paraty), com capacidade de identificar 100% das passagens.

Assim, o veículo que trafega pela Rio-Santos por um dos pontos de cobrança do free flow é identificado através de seu tag ou leitura da placa. O valor da tarifa de pedágio é calculado com base no reconhecimento do veículo, por meio de sensores que são capazes de identificar altura, largura, comprimento e quantidade de eixos rodantes e suspensos.

Sobre a cobrança

Os motoristas com tag têm descontos no valor do pedágio, que variam entre 5% e 70%, com desconto progressivo a partir da 2° e até a 30° passagem no mesmo local e sentido, isso dentro de um mesmo mês. De acordo com a concessionária CCR, o valor da tarifa será de R$4,10 de segunda a sexta, e de R$6,80 aos finais de semana e feriados para automóveis. Entretanto, no caso de veículos comerciais, como caminhões, o valor será multiplicado por eixo.

Caso não tenha tag, o pagamento pode ser feito através dos canais digitais em até 15 dias. E o não pagamento da tarifa, configura a infração de trânsito com multa no valor de R$195,23 além de 5 pontos na carteira de habilitação.

Sobre vários aspectos os motoristas ganham vantagens em:

Economia na prática

O pedágio free flow traz a possibilidade de uma cobrança mais justa e igualitária, para todos que utilizam a malha rodoviária. Isso porque, o novo preço é estabelecido com base na quilometragem e distância percorrida, e não em pontos fixos pré-estabelecidos.

Como exemplo, se pensarmos em um trecho com 10 praças, a viagem pode ser reduzida em uma hora, pois não haverá paradas ou a necessidade de redução da velocidade. Além do que, no formato de pedágio free flow paga-se proporcionalmente ao trecho percorrido.

Para ficar ainda mais claro, vamos analisar alguns pontos importantes mais detalhadamente:

  1. Combustível e manutenção

As paradas no pedágio aumentam o consumo pela mesma razão que os congestionamentos, porque são situações em que o veículo não se desloca, mas está com o motor ligado e consumindo. Acrescente a isso, os momentos de estresse, em que o motorista acelera eventualmente, elevando tanto a rotação quanto o consumo, mesmo sem sair do lugar. Por isso, com menos paradas e freadas é possível evitar desgaste dos freios, pneus e diminuição da troca de marcha.

  1. O pedágio

Considerando um cenário de ida e volta durante a semana, saindo de Ubatuba/SP e chegando a cidade do Rio de Janeiro, passando duas vezes por esse pedágio no mesmo mês — que é a quantidade mínima estipulada para conseguir o desconto progressivo; veja o valor a ser economizado de acordo com as categorias de veículo por eixo:

Caso o veículo passe pelo percurso com frequência máxima, o que acontece muito com as operações dedicadas e exclusivas, sendo às 30 vezes no mesmo mês, esse desconto pode chegar a 52,5% correspondendo a cerca R$387,42 de economia.

Pontos de atenção

Vale o alerta que apesar dos benefícios, o que pode dificultar a implantação do sistema no Brasil é a tendência de aumento no número de usuários inadimplentes. Fora isso, 70% deles costumam pagar o pedágio em dinheiro ou cartão, sendo necessário um processo de mudança cultural, para a ampliação da instalação de tags pelos usuários pagantes, o que facilitaria o processo.

Não se pode deixar de prever que os usuários não regularizados, que não tenham os seus veículos reconhecidos pela placa, por meio de OCR (Reconhecimento Óptico de Caracteres), sejam obrigados a fazer o pagamento devido posteriormente. Outro ponto a ser discutido é a extensão territorial do Brasil, que traz uma dificuldade extra na instalação dos pórticos utilizados nas cobranças por quilometragem.

De qualquer forma devemos esperar dessa novidade, mais benefícios do que limitações.

Raquel Serini é coordenadora de projetos do IPTC.


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