O número salta para 40 mil no território nacional. E as oportunidades incluem salários que podem chegar a R$ 4 mil, dependendo do porte da empresa e do tipo da carga transportada.
A demanda inclui motoristas para trabalhar com transporte de produtos químicos, containers, produtos fracionados e safra de grãos, por exemplo. A falta de mão de obra qualificada é explicada por uma combinação de fatores. De acordo com Flávio Benatti, presidente da Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Estado de São Paulo (Fetcesp) e da seção de transporte de cargas da CNT, o próprio crescimento econômico contribui para a situação, com o aumento dos serviços e contratações.
Outro fator é a falta de interesses dos jovens pela profissão. “As proibições de mobilidade urbana e os acidentes nas estradas criam uma imagem negativa para o segmento”, afirma Benatti. Segundo Adauto Bentivegna Filho, advogado e assessor da presidência do Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de São Paulo e Região (Setcesp), os jovens querem seguir outra profissão.
“Boa parte dos motoristas tem alguma ligação familiar com alguém que já foi motorista. Hoje, os pais preferem que o filho siga outra atividade”, completa o advogado do Setcesp.
Para dirigir um caminhão não é só preciso ter carteira de habilitação que seja da categoria C (para veículos usados para transporte de carga, cujo peso bruto total seja superior a 3,5 mil quilos) ou categoria E (inclui veículos que tenham parte articulada com peso bruto total igual ou superior a 6 mil quilos). Atualmente os caminhões estão mais modernos e tecnológicos. E os profissionais precisam estar capacitados para lidar com essa tecnologia.
“Nessa atividade, não pode ter só uma carteira de habilitação. É preciso ter um período de experiência, preocupação com direção defensiva, direção econômica, estar capacitado e conhecer os conceitos. O profissional deve saber aproveitar o máximo do equipamento, dentro do menor custo, para fazer a entrega dentro do prazo, além de prezar pela conservação do equipamento”, afirma o diretor de recursos humanos da Braspress, Gustavo Brasil. Do total de vagas abertas no Brasil, a empresa tem dificuldade na contratação de pelo menos 30% delas.
Alternativas
Uma das saídas para suprir a falta de profissionais é incentivar a mão de obra feminina. Na Braspress, 40% dos motoristas são mulheres. As empresas também investem no treinamento interno para profissionais recém-chegados e no incentivo para os auxiliares de transporte tirarem a carteira de habilitação.
“Além da qualificação técnica, o motorista precisa ter consciência do risco da atividade profissional para ele e para sua família. Ele pode ter uma jornada de trabalho que inclui fins de semana”, alerta o diretor da Braspress.
O advogado do Setcesp informa que algumas empresas estão investindo na aproximação com associações de estrangeiros, como bolivianos e peruanos, como alternativa para as contratações. “Existe uma burocracia maior, mas é uma alternativa”, diz Bentivegna.
As empresas também investem na remuneração. O Setcesp aponta uma média salarial de R$ 1,6 mil, mas pode chegar a R$ 3 mil e R$ 4 mil dependendo da carga.
Um dos caminhos para a qualificação é procurar o Serviço Social do Transporte (Sest) e o Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Senat), que têm o objetivo de valorizar os trabalhadores do setor. As entidades promovem programas de aprendizagem, que incluem preparação, treinamento, aperfeiçoamento e formação profissional.
Em 2010, a Fetcesp firmou parceria com o governo estadual para promover a qualificação. Por meio do programa Via Rápida Emprego, o profissional será treinado para atuar nas empresas de transporte de cargas e de logística.
Os candidatos selecionados recebem material didático e subsídio de transporte de R$ 120. Já quem estiver desempregado, sem benefícios previdenciários, recebe bolsa-auxílio de R$ 210.
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