A situação das estradas brasileiras poderá comprometer o crescimento da economia nos próximos anos.
A advertência é da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), que divulgou na quarta-feira (18), o novo Anuário do Transporte.
O levantamento aponta um descasamento entre a infraestrutura e a demanda por esse tipo de transporte – o mais utilizado no país: enquanto a frota total de veículos (passageiros e cargas) deu um salto de 74,1% nos últimos 10 anos, saindo de 59,3 milhões para 103,3 milhões de veículos registrados, a malha rodoviária expandiu apenas 0,5%.
As vias pavimentadas também permaneceram praticamente estagnadas, saindo de 212,4 mil quilômetros para 213,4 mil entre 2009 e 2019.
Segundo o diretor executivo da entidade, Bruno Batista, não há risco de apagão porque o transporte rodoviário “não trava”. Mas, com o aumento da movimentação de cargas nas rodovias e de veículos leves, decorrente da retomada da atividade econômica, os custos do transporte vão subir e impactar o preço dos produtos.
– Os trajetos se tornarão mais demorados, as saídas das grandes cidades caóticas. Isso sem contar no aumento do gasto com manutenção e peças de veículos e risco maior de acidentes – destacou.
Ao ser indagado sobre as propagandas do governo federal, patrocinadas pelo Ministério de Infraestrutura, sobre melhorias nas estradas, respondeu que acha válido inaugurar alguns trechos novos. Mas que há um desafio enorme pela frente, diante da escassez dos recursos orçamentários. As concessões para o setor privado são fundamentais diante do cobertor curto, disse. No entanto, é preciso ir além.
– Melhorar a sinalização das vias, por exemplo, não exige investimento pesado – disse Batista.
Ele destacou que os investidores focam nos trechos mais lucrativos e já recebem uma infraestrutura pronta. Além disso, há concessões feitas no passado com contratos problemáticos, depois do envolvimento das empreiteiras na Lava Jato.
Na avaliação da CNT, o governo precisa aprimorar a modelagem nos novos leilões e adotar mecanismos, via Parceria Público Privadas (PPs) para fazer com que o asfalto chegue à maior parte da malha. A estimativa da entidade é que são necessários R$ 38,6 bilhões só para recuperar as estradas do país.
O anuário revela ainda que a frota de motocicletas foi a que mais cresceu no país, saindo de 22,3 milhões em 2018 para 22,9 milhões neste ano. A frota de automóvel atingiu 56 milhões; de caminhão, 2,88 milhões e de ônibus, de 640 mil.
Apesar do crescimento da frota, o levantamento aponta que o licenciamento de veículos novos caiu entre 2018 e 2019, de 3,7 milhões para 2,6 milhões. Para a CNT, a queda pode estar ligada à frustração da retomada da atividade econômica este 2019, que começou a ocorrer com mais força a partir do terceiro trimestre.
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