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19 de Maio de 2017 – 03h27 horas / Luiz Marins

Quando estudei os aborígines australianos, uma coisa sempre me chamou a atenção: quando algum membro da tribo fazia alguma coisa excepcional, os chefes elogiavam mais o esforço que aquela pessoa tinha feito do que o resultado por ela alcançado. As palavras sempre eram de reforço e encorajamento pela dedicação, pelo comprometimento. Os aborígines sempre acreditaram que o produto final de uma ação é sempre resultado de um esforço e que o que deveria ser elogiado e reforçado era, portanto, o esforço e não só resultado final.

 

Presenciei isso com pais em relação a seus filhos. Lembro-me de um pequeno aborígine que tinha excelente domínio ao lançar um bumerangue e o quanto seus pais o incentivavam a melhorar a cada dia, elogiando a sua determinação em treinar muitas horas.

 

Vejo que em nossa sociedade, premiamos mais o resultado que o esforço. Premiamos a nota 10 e o campeão de vendas pelo volume e pelo faturamento. Poucas vezes levamos em consideração o esforço, o comprometimento, a dedicação. Somos uma sociedade de resultados, muitas vezes, fazendo vista grossa para a forma como aquele resultado foi conseguido. Conheço pais que premiam seus filhos pela nota máxima em uma prova sem atentar para o fato de que aquela nota foi conseguida através do uso de uma “cola” ou “fila” como se diz no Brasil, ou seja por meios ilícitos e não éticos. Jorge Rio Cardoso, da Universidade de Lisboa, diz enfaticamente que “se a nota de seu filho não for a esperada, elogie o esforço’ para que ele se sinta motivado a vencer desafios.

 

Pesquisas modernas como as da Professora Carol S. Dweck da Universidade de Stanford, EUA, atestam claramente que o sucesso não é mérito da inteligência e sim do esforço e alerta em seus livros e artigos que os pais, líderes e educadores devem premiar o esforço para que a pessoa sinta prazer em aprender, em questionar e em se auto desafiar. São, portanto, muitos os autores contemporâneos que afirmam que devemos elogiar e premiar mais o esforço do que o resultado, aquilo que aprendi entre os aborígines há muito anos.


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