Um novo pátio para o estacionamento dos caminhões que seguem em direção ao Porto de Santos poderá ser implantado em Cubatão. A área em estudo fica no Jardim Casqueiro e será direcionada para apenas um terminal do cais santista. A informação foi revelada pelo diretor-presidente da Codesp, Renato Barco, durante o Fórum Conheça o Porto, que aconteceu na noite da última terça-feira, na Universidade Católica de Santos (UniSantos).
O evento, com o tema A chegada da safra a Santos, foi uma promoção de A Tribuna, com o patrocínio do Grupo Marimex e da Praticagem de São Paulo, com apoio da UniSantos. Nele, foram debatidos os problemas causados com a chegada descontrolada à região dos caminhões com a safra agrícola.
Além de Barco, participaram do fórum o presidente do Grupo Marimex, Antônio Carlos Cristiano, o presidente da Praticagem de São Paulo, Paulo Sérgio Barbosa, e o diretor de Transportes do escritório brasileiro da consultoria norte-americana Aecom Technology Corporation e professor da UniSantos Marcos Vendramini. A mediação ficou a cargo do editor de Porto & Mar de A Tribuna, Leopoldo Figueiredo.
Para o presidente da Codesp, os dois pátios reguladores que hoje recebem os caminhões com destino ao cais santista não são suficientes diante das demandas do Porto. Para ele, o ideal é que Ecopátio e Rodopark sejam reservados para as instalações de Guarujá.
Há um pátio já credenciado e que deve entrar em operação em breve, em Sumaré, na região de Campinas. Outra área, em Santos, está sendo estudada pela Codesp.
“Uma outra possibilidade está sendo discutida com a Prefeitura de Cubatão, que é uma área no Casqueiro. Neste caso, acreditamos que ele pode ser implantado até junho”, disse Barco.
A Tribuna apurou que o terreno tem 52 mil quadrados e fica às margens da Rodovia Anchieta, na entrada do Jardim Casqueiro, próximo ao viaduto Rubens Paiva. Por ser um local perto de um viaduto importante para o tráfego de veículos, a Prefeitura de Cubatão colocou técnicos à disposição para estudar a viabilidade do terreno, que pertence à União.
O fato de a área estar em um bairro residencial, que é uma importante ligação de Cubatão com as cidades vizinhas, é outra preocupação. Por isso, os moradores do local serão ouvidos sobre o projeto.
Acessos rodoviários
Além de analisarem a operação dos pátios reguladores, os participantes do Fórum Conheça o Porto debateram os acessos ao cais santista para o escoamento da safra. A falta de alternativas viárias foi apontada por Marcos Vendramini como uma das causas para o caos logístico nesse período. Para ele, a principal medida que deve ser tomada é o aumento da capacidade da Via Anchieta, o único acesso para caminhões que descem a Serra em direção ao Porto.
“Não vou dizer que a situação vai melhorar. Acho que não vai. Não são os pátios que vão resolver o problema. A Autoridade Portuária está fazendo a parte dela, mas o problema é do Porto para fora”, destacou o professor.
Tanto Vendramini como o presidente da Marimex, Antônio Carlos Cristiano, acreditam que o desafio do escoamento da safra começa na zona produtora, devido à falta de locais para a armazenagem dos grãos.
Para controlar a chegada dos caminhões, Cristiano aposta na punição aos terminais que descumprirem as regras de agendamento da Codesp. “O agendamento é a única ferramenta, mas ele deve ser acompanhado com autoridade. Alguém tem que arcar com o ônus da coisa mal feita. Se continuar desse jeito, vai ter gente dentro da ambulância, indo para São Paulo, que vai morrer”, disse.
No fórum, o presidente da Praticagem falou sobre as limitações do canal de navegação do cais santista. Entre as preocupações dos práticos (profissionais que orientam a navegação dos navios nas áreas portuárias), está o risco de assoreamento (deposição de sedimentos, tornando o canal mais raso) e estreitamento da via marítima. Para que tudo se resolva, ele defende uma maior autonomia de gestão para a Codesp.
“A saída é a descentralização administrativa dos portos”, destacou o Barbosa.
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