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20 de Junho de 2014 – 02h46 horas / Tribuna Online

A crise no transporte hidroviário em São Paulo voltou a ser debatida na manhã da última terça-feira, na sede da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), em Brasília. O assunto foi tema de uma reunião entre o diretor-geral do órgão regulador do setor, Mário Povia, o diretor Adalberto Tokarski, e representantes de órgãos e empresas ligados ao modal no estado.


A navegação de barcaças pela Hidrovia Tietê-Paraná está praticamente parada desde o final do mês passado, com o acirramento da estiagem na região. A falta de chuvas reduziu o leito fluvial e também levou as usinas de Três Irmãos e Ilha Solteira a ampliar a geração de energia (a fim de compensar outras hidrelétricas). Como resultado, as duas reduziram o nível dos seus lagos, interligados pelo Canal Pereira Barreto, usado para navegação.


A inviabilidade da hidrovia tem reflexos diretos no Porto de Santos, uma vez que boa parte da produção agrícola exportada pelos terminais santistas atravessa o Estado nas barcaças que a percorrem o Rio Tietê. Sem o modal, essas mercadorias acabam sendo transportadas principalmente em caminhões, sobrecarregando as vias de acesso terrestre ao complexo marítimo.


A diretoria da Antaq tem acompanhado o desenvolvimento da crise e, agora, pretende aprofundar a discussão sobre esse problema com o Governo Federal. A agência quer, principalmente, analisar o uso múltiplo das águas – nesse caso, utilizadas para transporte e a geração energética.


Na reunião de ontem, Adalberto Tokarski apontou as principais consequências da paralisação da hidrovia: o aumento da quantidade de caminhões nas estradas e, consequentemente, o crescimento das emissões de gases de efeito estufa e dos acidentes.


Segundo o diretor, entre maio e novembro do ano passado, a Tietê-Paraná transportou 2,3 milhões de toneladas. “Isso significa colocar nas estradas (neste ano) 51.900 carretas, com capacidade para transportar 45 toneladas”, ressaltou Tokarski. Essa transferência modal levará a um aumento de 30% no custo do transporte, lembrou.


Neste cenário, Tokarski comentou com os empresários seu temor em relação a demissões de funcionários e desmobilização de equipes, além da perda de arrecadação de impostos e da confiança no modal, apesar dos investimentos em curso.


Na semana passada, também em Brasília, os diretores Mário Povia e Adalberto Tolkarski se reuniram com representantes da Agência Nacional de Águas (Ana) também para debater a crise no transporte de cargas na Hidrovia Tietê-Paraná.


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