Correios voltam a funcionar na quinta
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11 de Outubro de 2011 – 10h00 horas / Diário do Grande ABC
Os trabalhadores dos Correios do Estado de São Paulo recusaram ontem, durante assembleia, proposta do ministro do Tribunal Superior do Trabalho João Orestes Dalazen de R$ 60 em ganhos reais a serem pagos em janeiro e abono imediato de R$ 800 – que a ECT afirma aceitar. Pegando carona no maior contingente local da categoria, a maioria dos sindicatos do País acompanhou São Paulo.
Assim, a classe vai deixar nas mãos da Justiça o dissídio coletivo. Decisão que irá partir do ministro do TST Maurício Godinho Delgado, relator designado para o processo, em reunião marcada para hoje às 16h. Com isso, os trabalhadores descruzam os braços na quinta-feira, já que amanhã é feriado nacional. A entrega de objetos, porém, será retomada pelo turno da noite, pois haverá última assembleia às 11h. O funcionamento será normalizado na sexta.
O diretor jurídico da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares, Manuel de Lima Feitoza, afirma que há temor, por parte da federação, sobre o julgamento. Isso porque a Justiça, historicamente, não considera índices de mercado para definir acordos coletivos, deixando para o relator a opção de reajustar os salários abaixo da inflação de 6,87% acumulada nas data-bases. Possibilidade que já havia sido avisada à categoria pela ministra do TST Maria Cristina Peduzzi, cuja proposta feita na semana passada havia sido aprovada pela federação mas que foi refutada em assembleia dos trabalhadores. Nessa oferta, haveria reposição da inflação mais R$ 80 em ganhos reais, retroativos a 1° de outubro, sem a concessão de abono.
“Além de ser pago desde outubro, esse reajuste incidiria sobre todos os benefícios. Era uma proposta economicamente melhor, segundo os técnicos do Dieese“, diz. Feitoza acredita que há forte tendência de Delgado bancar a proposta de Dalazen. “É a opção que gera menos impactos orçamentários à ECT.“
Nessa hipótese, os ganhos reais ficam 70% menores do que o último pedido da federação (que era de R$ 200 acima da inflação) antes de o acordo seguir para a seara da Justiça.
Todas as recusas dos funcionários dos Correios nas últimas propostas foram motivadas pelo desconto de seis dias na folha de pagamento. Corte que a empresa fez em setembro e que seria devolvido aos trabalhadores para, então, ser descontado na proporção de meio dia ao mês a partir de janeiro.
A categoria não aceitava as contrapartidas da oferta com relação à dedução, mesmo com 28 dias corridos de braços cruzados. Feitoza explica que, nas outras ofertas, os dias compensados não resultariam em cortes dos benefícios dos trabalhadores.

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