Utilizar a tecnologia para que os caminhões que trazem cargas para o Porto de Santos não retornem vazios aos seus pontos de origem faz parte de um projeto que está em desenvolvimento pela Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), a estatal que administra o complexo portuário.
O plano da Autoridade Portuária é criar um mecanismo que garanta o encontro de quem precisa contratar um transporte de carga com o prestador deste serviço. É o Sistema de Apoio ao Frete de Retorno (Safre).
Além de promover essa integração, com ele poderá ser possível baratear o custo do frete (uma das principais reivindicações das empresas do setor). Melhorar as condições de trabalho dos caminhoneiros, tornar o cais santista uma opção mais atrativa e ampliar a movimentação de cargas também estão entre os benefícios do sistema.
A ideia é que, por meio de um site, os donos de cargas e do transporte, além de caminhoneiros autônomos, se cadastrem no sistema. Assim que um veículo for agendado para o acesso ao Porto, ele entrará, automaticamente, na base do sistema de busca.
O contratante do caminhão poderá selecionar, por exemplo, o tipo de veículo que precisa, a data e o destino desejados. Em seguida, aparecerá a lista dos prestadores do serviço disponíveis para sua demanda, com o contato para tratar diretamente com o responsável.
“Já vínhamos pensando nisso muito antes da greve dos caminhoneiros. Além de baratear o preço do frete, sabemos que a categoria é muito sofrida e queremos resolver isso”, afirma o diretor de Operações Logísticas da Codesp, Carlos Henrique Poço.
“As cargas geralmente saem do Centro-Oeste do país e esses profissionais, que dormem e comem mal, chegam carregados aqui e voltam com o caminhão vazio. Sem opção, assumem os custos deste retorno”, explica o executivo.
Outra tentativa
O Governo Federal tentou resolver essa questão com a Lei 13.703, sancionada pelo presidente Michel Temer, em agosto, quando determinou a publicação de tabelas de preços mínimos para fretes de cargas a granel. A medida foi tomada depois da greve dos caminhoneiros, em maio, que exigia definição nos preços praticados.
A tabela da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) prevê o piso mínimo do frete. Além disso, determina que, nos casos em que não existe carga de retorno, para incluir o custo da volta, deve-se multiplicar a distância de ida por dois.
Andamento
A equipe técnica da Codesp vai desenvolver gratuitamente a primeira fase do sistema e o serviço não será cobrado dos usuários. A estatal também não vai fazer mediação entre as partes ou determinar valores, ficando responsável apenas pelo fornecimento das informações no sistema.
“Não queremos lucrar com isso. É uma ideia inovadora, que pretende melhorar as condições dos caminhoneiros, diminuir o valor do frete e trazer mais caminhoneiros para Santos”, avalia o diretor da Docas.
Poço estima que o projeto deva estar em operação até maio do próximo ano. Porém, para que entre em funcionamento, ainda é necessário que a base de dados da Cadeia Logística Portuária Inteligente (Portolog) seja disponibilizada pela União.
O Safre será um complemento do sistema de agendamento, uma vez que o primeiro ordena a chegada de caminhões ao Porto e o segundo o ajuda no seu retorno.
Numa etapa futura, a Codesp deve desenvolver um aplicativo para smartphone. Assim, os caminhoneiros poderão consultar o sistema durante a viagem.
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