CNT apresenta ao Banco Central desafios e prioridades do setor de transporte
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A CNT (Confederação Nacional do Transporte) apresentou, nessa segunda-feira (2), as percepções da Entidade sobre o desempenho do transporte e da economia brasileira ao Departamento Econômico da Diretoria de Política Econômica do Bacen (Banco Central). Entre os temas abordados no encontro, estiveram o desempenho recente e as expectativas do setor para os próximos trimestres, a evolução dos custos com combustíveis e mão de obra, as condições de acesso ao crédito para a operação de transporte e ampliação e modernização das infraestruturas, o comportamento do câmbio e os possíveis impactos de novas tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos.

Preocupação com o IOF

Um tema preocupante apresentado pela CNT foi o aumento da alíquota de IOF sobre as operações de financiamento das empresas e sobre operações de risco sacado e antecipação de recebíveis, como duplicatas e contratos de frete. Desde o dia 1º de junho, as operações de risco sacado passaram a ser tributadas em 3,95%. Segundo a gerente executiva de Economia da CNT, Fernanda Schwantes, “as empresas utilizam esse tipo de operação para melhorar o fluxo de caixa e reduzir a dependência de empréstimos diretos com os bancos. Com a nova tributação, o custo aumentou, prejudicando a liquidez das empresas do setor”.

Renovação da frota é prioridade

Um dos pontos centrais da agenda da CNT foi a necessidade de renovação escalonada da frota de veículos pesados. A Confederação defende a substituição gradual de caminhões com mais de 25 anos, tanto por questões de eficiência quanto pelos benefícios ambientais.

A CNT estima que seriam necessários cerca de R$ 262,88 bilhões em investimentos para substituir essa frota antiga por veículos novos de capacidade equivalente. Destaca, ainda, que muitos transportadores não conseguem acessar crédito para esse tipo de renovação, principalmente porque as linhas de financiamento, como o Finame/BNDES, são voltadas apenas para veículos novos, excluindo a possibilidade de aquisição de usados.

Impacto das tarifas dos EUA

A reunião também discutiu os efeitos das novas tarifas de importação anunciadas pelos Estados Unidos, que devem entrar em vigor no dia 4 de junho, elevando de 25% para 50% as alíquotas sobre aço e alumínio. Embora ainda não haja um normativo legal, o anúncio já gera preocupação no setor transportador brasileiro. Os Estados Unidos respondem por 86,1% das exportações brasileiras de ferro fundido e por 79,2% das exportações de aço e outros semimanufaturados de ferro. A medida pode afetar diretamente as cadeias produtivas e logísticas nacionais.

Essa foi a segunda vez em que a CNT participou desse tipo de encontro com o Bacen.

O encontro faz parte da iniciativa do Bacen de manter diálogo direto com representantes do setor produtivo não financeiro, com o objetivo de aprimorar o acompanhamento da conjuntura econômica do país.

Também participaram da reunião os economistas da CNT Carlos Eduardo Espinel e Ana Luísa Normando e o chefe de Gabinete da Presidência da Entidade, Igor Fernandes.


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