Caminhos mais sustentáveis
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Atualmente, 25% dos combustíveis usados no país são renováveis. Governo quer que esse número chegue a 30% daqui a 8 anos

Não dá para falar em conter os impactos do aquecimento global causado pela emissão de gases do efeito estufa, sem trazer o setor de transporte rodoviário para essa discussão.  No Brasil, o TRC tem maior participação na emissão de CO2 (dióxido de carbono) se comparado aos outros modais.

De acordo com os especialistas, o principal desafio é que 95% da energia usada no transporte rodoviário ainda vem de combustíveis fósseis. Entretanto, já é possível vislumbrar um futuro diferente: veículos movidos a GNV (gás natural veicular), biometano, híbridos e elétricos.

Para o secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia (MME), José Mauro Coelho, nossa matriz energética conta com cerca de 25% do combustível proveniente de fontes renováveis e o alvo é de chegar a 2030 com uma participação de, não menos, que 30%.  

Ambiciosa ou não, uma das etapas para se atingir essa meta foi lançar o programa Combustível do Futuro, que tem como objetivo “aumentar a participação de combustíveis renováveis e de baixo teor de emissões em nossa matriz e desenvolver tecnologias veiculares nacionais”, conforme informações do MME.  “Estamos olhando para frente e vendo novos combustíveis que possam ser inseridos na nossa matriz energética e de transportes”, garantiu o secretário.

Todo esse estímulo em prol da sustentabilidade é bem-visto, no entanto, o transportador brasileiro já vem se familiarizando com combustíveis alternativos e diferentes composições de frota há algum tempo, claro que levando em conta o tipo da operação, sem até o momento, ter qualquer subsídio.

Thiago Budni, diretor da Especialidade de Sustentabilidade no SETCESP, revela que há expectativas em relação ao governo, para que haja alguma redução de carga tributária para veículos sustentáveis. “A gente torce para que isso ocorra. Particularmente, nós da Diretoria de Sustentabilidade trabalhamos para que isso aconteça o quanto antes”.

Em 2020, passaram a ser comercializados os veículos movidos a biometano e este ano, chegaram efetivamente ao país os caminhões elétricos. Budni conta que, embora seja um veículo de maior preço, a grande vantagem do elétrico é o custo menor de rodagem em relação ao modelo convencional, a diesel, assim afirma que, “o veículo acaba se pagando com o passar do tempo”.

O caminhão elétrico apresenta, em média, um custo operacional até 3 vezes menor do que o convencional. E o custo mais alto de aquisição ocorre por ser uma tecnologia nova, e ainda de baixa demanda, justificam as montadoras.

Segundo estimativas da Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE), um caminhão elétrico urbano (VUC) já se torna rentável no quinto ano de operação para clientes que rodam mais de 150 km ao dia.

Para se ter uma ideia da evolução dessa frota, dados da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) apontam que, enquanto em 2015 apenas 846 veículos elétricos ou híbridos foram licenciados, em 2020, o número subiu para 19.745, que se traduz em 1% das vendas totais do País. Na soma deste ano, estarão incluídos além de veículos de passeio e comerciais leves, também os caminhões.

Quanto ao meio ambiente em termos comparativos, a cada caminhão a diesel substituído por um elétrico, 5 toneladas de monóxido de carbono deixam de ser emitidas mensalmente.

O híbrido, movido tanto a diesel quanto a eletricidade, traz uma flexibilidade e autonomia para os trechos rodoviários a longa distância e são uma opção, enquanto a infraestrutura de recarga elétrica não chega a todo país.

Outra alternativa, são os caminhões movidos a GNV. Quando comparado ao modelo movido a diesel, o GNV emite 17% a menos de CO2 na atmosfera, além disso, a redução do material particulado é de 95%. Também estima-se um custo de operação 17% menor com o uso de gás natural.

Já os veículos movidos a gás biometano emitem 85% a menos de CO2 se comparado ao diesel, conforme informações da Associação Brasileira do Biogás. E mais, o motor do caminhão é 20% mais silencioso.

 “Acredito que a aquisição dos veículos movidos a energia limpa seja uma tendência que veio para ficar. Carretas, caminhões, vans ou caminhonetes são para nós, transportadores, ferramentas de trabalho. À medida que vão surgindo ferramentas melhores a gente tende a mudar”, conclui Budni.


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