Diana Silva, que mora em Caraguatatuba, litoral norte de São Paulo, não recebe as contas em casa antes do vencimento há pelo menos um ano: “Ela chega muito vencida. Dez dias de atraso”, conta a cozinheira.
Em São José dos Campos, a situação chegou a um ponto que, em alguns bairros, não é mais o carteiro que passa de porta em porta. Quem quiser ter a correspondência em dia, tem que ir aos Correios buscar.
Os moradores enfrentam filas no posto de distribuição: “Você tem que perder horas de serviço pra ficar aqui esperando a carta. Pra pegar e pagar ainda”, conta a cabeleireira Gorete Casarin.
O atraso se repete em outros estados. Em Santa Catarina, o Procon teve que notificar e pedir explicações aos Correios: “Nós estamos tendo uma dificuldade de tratar com os Correios pela falta de respeito aos consumidores na cidade de Florianópolis. As cartas tem demorado até 15 dias pra chegar na casa do consumidor”, explica Tiago Silva, do Procon de Florianópolis.
Um ano atrás, o Jornal Nacional mostrou que as correspondências estavam atrasando em todo o país. A situação mais grave era no Norte e no Nordeste. Na época, os Correios alegaram problemas com o transporte de cargueiro aéreo e chegaram a divulgar providências com a compra de espaço em aviões de carreira.
Agora o Ministério Público Federal abriu um inquérito para apurar o motivo dos atrasos: “Basicamente, existe uma carência de pessoal, de carteiros, de funcionários dos Correios, em razão da ausência de concurso público. Nossa expectativa é que, a partir de maio, comece ter alguma melhora desse tipo”, explica o procurador da República Fernando Lacerda Dias.
Os Correios declararam que eventuais atrasos são pontuais e se devem mesmo ao cancelamento de um concurso público, mas que outro concurso está em andamento. A empresa anunciou que, para minimizar o problema, está tomando algumas providências, como o pagamento de horas-extras e a contratação de trabalhadores temporários.
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