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27 de Janeiro de 2017 – 04h05 horas / Luiz Marins

Num mundo-aldeia como o que vivemos onde somos bombardeados por informações de todos os tipos e de todos os lados e por todos os meios, é preciso tomar cuidado para não sermos meros consumidores de notícias sem fazermos uma análise crítica da veracidade, das fontes, da origem e mesmo dos interesses de quem está escrevendo bem como das empresas por detrás das notícias. Mais do que nunca é preciso ter uma consciência crítica e não ingênua, pois poderemos ser manipulados pelas notícias e formarmos um juízo falso sobre fatos e pessoas.

 

Em seu livro “Notícias – Manual do Usuário” (Editora Intrínseca, 2015), o aclamado escritor e filósofo suíço Alain de Botton se vale de 25 histórias típicas do noticiário – como um desastre de avião, um homicídio, um escândalo político e uma entrevista com uma celebridade – para construir sua análise inteligente e profunda sobre a influência do noticiário em nossas vidas. Já no prefácio do livro escreve: “O objetivo do noticiário é nos mostrar tudo aquilo que ele próprio considera mais inusitado e importante no mundo: nevascas nos trópicos; o filho ilegítimo de um presidente; gêmeos siameses. Mas, apesar dessa insistente busca pela anomalia, se há algo que o noticiário habilmente evita focalizar é a si mesmo e a posição predominante que passou a ocupar em nossas vidas. “Metade da humanidade é hipnotizada todos os dias pelo noticiário" é uma manchete que tem poucas chances de algum dia ser noticiada por empresas que em geral se dedicam a relatar o que consideram digno de nota, fora do comum, corrupto e chocante. ”

 

De Botton afirma ainda que “O filósofo Hegel já dizia que as sociedades se modernizam quando o noticiário passa a ocupar o lugar da religião como principal fonte de orientação e como referência de autoridade. Hoje em dia, nas economias desenvolvidas, ele alcançou uma posição de poder no mínimo equivalente à que outrora era desfrutada pelas crenças…. No entanto, o noticiário não se limita a seguir uma programação quase religiosa; ele também exige ser encarado com uma parte da mesma expectativa deferente que um dia alimentou nossa fé. Por meio dele, também esperamos ter revelações, aprender o que é certo e errado, conferir sentido ao sofrimento e entender como funciona a lógica da vida. E aquele que se recusa a participar dos rituais também pode sofrer acusações de heresia. ” A confirmação desta afirmação do autor é que as críticas de jornalistas ao livro foram pesadas e implacáveis. Porém críticos literários isentos afirmaram que “De Botton elaborou o manual definitivo da nossa era viciada em notícias, que trará calma, entendimento e um parâmetro de sanidade para as nossas interações diárias (e às vezes feitas a toda hora) com a máquina de notícias. Raramente pensamos no impacto que as notícias têm nas nossas vidas. ” A verdade é que precisamos, urgentemente, voltar a pensar por nós mesmos.

 

Nesta semana gostaria que você refletisse se não está sendo “catequisado” pelas notícias que recebe sem fazer uma análise crítica. Sugiro que você questione: Será verdade? Quem escreveu? Qual a formação de quem escreveu? Devo confiar nessa fonte? Quais os possíveis interesses envolvidos nessa notícia? O que eu penso sobre isso? Tenho uma opinião formada? Qual a importância dessa notícia para a minha vida pessoal e profissional? Etc.

 

Pense nisso. Sucesso!


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