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31 de Maio de 2015 – 04h40 horas / Luiz Marins

Tive o grande prazer de assistir a peça do grande ator, autor e diretor Paulo Betti – Autobiografia Autorizada – um monólogo onde ele nos descreve desde a chegada de seus avós da Itália até sua bem sucedida e conhecida incursão no mundo do teatro e da televisão. Quantas lições a peça nos traz!

Imigrantes italianos, fugindo da fome, causada principalmente pela praga da Filoxera que impiedosamente dizimava os vinhedos da Europa, vieram recomeçar a vida, na esperança de um novo mundo cheio de riqueza e abundância que é o que se dizia daquele distante Brasil. Vieram lavrar a terra no interior de São Paulo, em Rafard. Em seguida a família se mudou para Sorocaba. Dificuldades não faltaram. Pelo contrário eram tantas que não cabe contar. E as lições?

A primeira lição que tirei foi sobre a generosidade e a gratidão. Apesar de todas as dificuldades, o autor e ator não se prende a elas. Pelo contrário, encontra nelas o lado positivo do afeto familiar, do convívio dos amigos, as relações com os vizinhos, a dedicação das professoras, o convívio diário com pessoas simples, muito simples, mas com enorme conteúdo humano e genuína bondade. A todos ele agradece pelas lições, pelo carinho e pelas experiências vividas.

A segunda lição foi sobre valores. A peça é um libelo aos valores elevados da vida e como só eles podem nos conduzir ao sucesso. Além da generosidade e gratidão, a peça nos remete aos valores da humildade, da justiça, da esperança, da compaixão, da ética, da honestidade, da compreensão e da amizade. Tudo de forma encantadora para quem esteja ali, agradecendo por ali estar.

A terceira lição foi sobre determinação e garra. Menino simples, pobre, decidido a ser alguém no mundo, procura por si só todos os meios para vencer. Faz cursos de datilografia, taquigrafia, ingressa em grupo de teatro estudantil, participa de tudo e trabalha muito até chegar à Universidade de São Paulo – a sonhada USP – para cursar arte dramática. Daí a sua trajetória de sucesso é conhecida pelos magníficos papéis que tem desempenhado no teatro, nas novelas e no cinema.

Saí do teatro pensando: quantas pessoas só reclamam da vida; se acham infelizes e desprovidas de sorte; acreditam não merecer o melhor; ficam paradas esperando ajuda. Quantas pessoas só conseguem ver o lado negativo de sua própria história; envergonham-se de um passado simples; de pais analfabetos; de sua própria família. Quantas pessoas não conseguem agradecer; não conseguem se desvencilhar de culpas, angústias e mágoas; quantos sofrem por não entender o poder da gratidão.
A peça de Paulo Betti me fez pensar e gostaria que você, mesmo que não possa assisti-la, também pensasse nestas três lições de vida que de forma genial ele nos dá através da arte.

Pense nisso. Sucesso!


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