Anfavea tenta mapear gargalos da falta de peças
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Entidade reúne dirigentes da cadeia de suprimentos e defende mais agilidade na vacinação

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) pretende se reunir, esta semana, com lideranças da indústria do aço, borracha, plásticos e outros insumos importantes para as montadoras. A ideia é identificar os principais gargalos que têm levado as fábricas de veículos a interromper a produção por falta de componentes e de insumo.

O problema da escassez de insumos afeta as montadoras há várias semanas e está longe de terminar, segundo o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes.

Segundo ele, as equipes de vendas têm feito verdadeiros malabarismos para impedir que a falta de peças leve a mais paralisações da produção.

Tem se tornado uma rotina, para as equipes de compras, destaca o dirigente, o deslocamento até aeroportos para buscar componentes embarcados em aviões.

Há poucos dias, um navio programado para parar no porto de Santos (SP) acabou parando em Curitiba. Equipes de logística imediatamente se deslocaram até o porto paranaense para evitar que o contratempo gerasse mais demora na chegada dos componentes nas linhas de montagem dos veículos.

Apesar dos contratempos, a Anfavea mantém as projeções que apontam para crescimento de 25% no mercado interno e de 15% na produção em 2021.

Mas o problema coloca em xeque o sistema de produção da indústria automobilística. O chamado “just in time” prevê produção com o mínimo de estoque. Na maioria dos casos, os conjuntos de peças chegam até a linha de montagem praticamente no instante em que precisam ser colocados no veículo.

Segundo Moraes, o modelo de produção sem estoques é mais voltado a componentes grandes, como pneus, e conjuntos como o painel. No caso de itens menores, segundo o dirigente, a indústria trabalha com estoques.

Para Moraes, porém, os recentes problemas de falta de peças, que atingem montadoras em todo o mundo, devem levar o setor a avaliar a forma como as compras têm sido feitas. “Creio que as empresas abandonarão a prática de comprar em tudo o que é lugar do mundo, visando preços”, destaca.

Segundo ele, a falta de semicondutores, um produto que as montadoras disputam com a indústria de eletrônicos, levará, ainda, um tempo, para ser solucionada. “Esse tipo de componente é usado no carro tanto para conectividade como no sistema de gerenciamento de freios”. Ele queixa-se, ainda, da pressão nos custos dos fretes, marítimo e aéreo, em razão da “desorganização” logística mundial provocada pela pandemia.

Além da falta de peças, preocupa o setor a lentidão na vacinação contra a covid-19 no país. Na sexta-feira, Moraes, defendeu a aceleração da vacinação. “Tem que haver uma meta ambiciosa, com a coordenação de secretarias regionais, como ocorre em outros países”, destacou o executivo.

“Seria melhor vacinar do que gastar com abono emergencial”, destacou. Mas, agora, “infelizmente”, disse ele, temos que gastar. Ele lembrou que a China, país com população muito maior, tem como meta vacinar toda a população até o fim de junho, “É urgente tratarmos isso. Caso contrário, teremos ainda mais dificuldades na economia”, afirmou. A crise e a falta de insumos na indústria tiveram reflexo negativo na produção e vendas internas de veículos em fevereiro. A indústria automobilística registrou, no mês passado, queda de 3,5% na produção, com 197 mil veículos. No acumulado do ano, no entanto, houve ligeira melhora, com acréscimo de 0,2% (396,7 mil unidades). O mercado de carros, comerciais leves, caminhões e ônibus caiu 16,7% em fevereiro para 167,4 mil veículos ante mesmo mês de 2020.


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