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19 de Setembro de 2014 – 05h34 horas / Valor Econômico

O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, inicia hoje uma peregrinação em busca de novos contratos de exportação.

 

Se for bem-sucedido, a indústria automobilística reduzirá a dependência do mercado argentino, para onde seguem hoje cerca de 80% dos veículos brasileiros vendidos a outros países. O setor é um dos mais prejudicados pelas restrições que o governo argentino impõe às importações para tentar manter o nível de reservas. O primeiro destino de Moan é a Colômbia.

 

“Vamos abrir um processo de negociação”, diz o dirigente. Moan não estará sozinho. Ele vai acompanhado justamente de argentinos. A Adefa, a associação similar à Anfavea, que representa as montadoras na Argentina, também está em busca de novos negócios porque a queda da demanda no Brasil prejudicou a produção de veículos no outro lado da fronteira.

 

A Colômbia tem mercado anual de 350 mil veículos. É a metade do que se calcula vender na Argentina em 2014. Mas ganha importância para o Brasil à medida que os colombianos já têm acordos de livre comércio com outras regiões. Anfavea e Adefa se reunirão com o setor privado para, depois, levar uma proposta aos governos.

 

Em outubro, Moan segue para o Uruguai, um mercado em que, pela proximidade, faria mais sentido comprar do Brasil do que da China, como faz hoje. Há outros países menores da região, como Equador, na agenda de viagens do presidente da Anfavea e também está previsto retomar negociações com México, um mercado que as montadoras instaladas no Brasil perderam para países mais distantes por falta de competitividade.

 

Segundo Moan, avanços acertados com o governo brasileiro, como redução de burocracia, já representam pontos positivos para melhorar a competitividade da exportação do setor.

 

A Anfavea havia projetado a venda de 400 mil veículos ao exterior este ano. Mas a falta de embarques para a Argentina levou a uma queda de 38% nas exportações de janeiro a agosto na comparação com igual período de 2013.

 

Moan disse estar surpreso com as notícias de que o Banco Central argentino tem restringido a liberação de dólares para importadores, que, no caso, são as filiais das montadoras que também estão no Brasil. “O acordo automotivo é claro na questão de que devemos manter o fluxo dos produtos e o pagamento”, afirma, em referência ao entendimento entre Brasil e Argentina, renovado em junho.

 

Na semana passada, o presidente da General Motors na América do Sul, Jaime Ardila, disse ao Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor, que a empresa suspendeu a exportação de veículos para o país vizinho por falta de liberação de dólares. Como outras empresas, a GM dá prioridade aos componentes enviados do Brasil para abastecer as fábricas argentinas.


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