De forma geral, a ameaça do Covid-19 traz reflexos no mercado global, inclusive no setor de transporte de cargas. Uma vez que enfrentamos três cenários: urgência e alta demanda em alguns segmentos essenciais (alimentos e medicamentos) contra a falta de matéria prima e mão de obra por afastamentos na equipe além da queda na produção industrial e movimentação comercial. Acreditamos que com esses desafios as empresas precisarão inovar, utilizar ferramentas alternativas e ganhar eficiência no processo, o que trará bons resultados após a crise.
Diante disso, analisamos alguns indicadores importantes para a economia, a fim de medir a temperatura do mercado, são elas:
- Inflação: A meta de inflação a ser perseguida pelo Banco Central é de 4% em 2020, mas as projeções para a inflação, medida pelo indicador do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), caiu de 3,04% para 2,94% neste ano. Para o ano que vem, a projeção saiu de 3,60% para 3,57%;
- Produto Interno Bruto: O mercado também cortou a projeção para o PIB este ano. Na semana passada, a previsão era de crescimento de 1,48% e agora é de contração de 0,48%. Para o ano que vem, a estimativa foi mantida em 2,50%. O corte reflete as mudanças nas expectativas anunciadas por instituições financeiras nas últimas semanas, após o aumento dos receios quanto aos efeitos da pandemia na economia mundial e no Brasil. Algumas instituições já projetam forte retração para 2020. Há expectativa de tombo de até 7,7% na economia neste ano, em virtude dos impactos do coronavírus;
- Taxa de Câmbio: Os investidores aumentaram a previsão para R$ 4,50 para 2020. E em 2021 aumentaram a previsão de R$ 4,29 para 4,30. Os temores do Covid-19 têm deixado o mercado incerto e derrubando ações em todo o mundo, em contrapartida o dólar tem disparado;
- Taxa Básica de Juros: A projeção dos economistas é que ao final deste ano, a Selic seja de 3,50% ao ano. Na semana passada, essa projeção era de 3,75%, mesmo patamar que a taxa básica de juros se encontra hoje. Para a Selic no ano que vem, os economistas preveem uma taxa de 5%. Na semana passada, essa projeção era de 5,25%.
Apesar dos números divulgados pelo Boletim Focus não relatarem a posição do Banco Central, e sim das instituições financeiras consultadas pelo mesmo, as estatísticas refletem as expectativas do mercado. Que, diante dos fatos preocupantes, já percebemos o impacto recessivo do coronavírus na economia brasileira e mundial. Mesmo com medidas para minimizar a disseminação do COVID-19 as expectativas para os principais indicadores foram novamente reduzidas. Mas de qualquer forma acreditamos que a projeção para o PIB do TRC obedece a mesma lógica histórica de estar acima do PIB Total, uma vez que diante do cenário global a atividade de transporte rodoviário, tratada como essencial para a movimentação de mercadorias, chegou a movimentar cerca de 61,1% de toda carga no país, até março/2020.
Raquel Serini
Economista
IPTC – Instituto Paulista do Transporte de Carga
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