As vendas no varejo do Brasil caíram inesperadamente em julho e registraram o pior resultado para o mês em dois anos pressionadas principalmente por móveis e eletrodomésticos, enfatizando a cautela e incertezas dos consumidores em meio ao cenário de atividade econômica mais fraca.
As vendas varejistas caíram 0,5% em julho sobre junho, terceiro resultado negativo seguido, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira (13).
Essa foi a leitura mais fraca para julho desde a queda de 0,9% das vendas em 2016 e contrariou as expectativas em pesquisa da Reuters de alta de 0,3%.
Na comparação com o mesmo mês do ano passado, as vendas tiveram queda de 1,0%, também o pior julho desde 2016 (-5,6%) e interrompendo 15 resultados positivos seguidos, com projeção de avanço de 1,2%.
Em meio ao cenário de atividade econômica lenta e desemprego ainda alto, embora a inflação no Brasil permaneça em níveis baixos, o setor varejista viu em julho queda no volume de vendas em cinco das oito atividades pesquisadas sobre o mês anterior.
"O mercado de trabalho continua complicado, o ambiente eleitoral também é marcado por incertezas e tudo isso faz com que o consumidor fique conservador e cauteloso, especialmente nos bens que pode adiar e evitar", explicou a gerente da pesquisa, Isabella Nunes.
Os destaques negativos ficaram para as perdas de 4,8% em móveis e eletrodomésticos, de 2,5% de outros artigos de uso pessoal e doméstico e de 1,0% em tecidos, vestuário e calçados. Segundo o IBGE, esses setores juntos pesam 30% do total do varejo.
"Móveis e eletrodomésticos e outros foram as principais âncoras devido ao bom desempenho em junho com a promoção de vendas de TVs em razão da Copa do Mundo", completou Isabella.
Na outra ponta, as vendas de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, com importante peso sobre o bolso do consumidor, aumentaram 1,7% em julho.
As vendas no varejo ampliado, que inclui veículos e material de construção, encolheram 0,4% em julho na comparação com o mês anterior, pressionado principalmente pelas perdas de 2,7% de materiais de construção.
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