A liberação do saque das contas inativas do FGTS, a inflação mais baixa e a leve redução do desemprego permitiram que o comércio se expandisse, depois de nove trimestres consecutivos de queda.
O consumo das famílias e o setor de serviços impulsionaram o crescimento de 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre. A liberação do saque das contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), a inflação mais baixa e a leve redução do desemprego permitiram que o comércio se expandisse, depois de nove trimestres consecutivos de queda. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o consumo das famílias aumentou 1,4%, com movimentação de R$ 1,02 trilhão no período.
De acordo com levantamento da Confederação Nacional do Comércio (CNC), cerca de 25% dos R$ 44 bilhões liberados do FGTS chegaram ao varejo. Para especialistas, os saques não continuarão tendo impacto nos próximos meses. “O resultado estará mais ligado a fatores como inflação baixa e desemprego menor”, disse Flávio Borges, superintendente financeiro do SPC Brasil.
Segundo o Banco Central, em junho, o comprometimento da renda familiar com dívidas caiu de 21,3% para 21,1%. Foi o terceiro mês de recuo do indicador. Além disso, a melhora do mercado de trabalho tem ajudado . “Não dá para ficar extremamente animado, mas acredito que estamos vivendo um momento de recuperação gradual”, afirmou Alexandre Espírito Santo, da Órama Investimentos.
A publicitária Dábilla Ellena de Almeida, 27 anos, perdeu o emprego numa clínica de estética no início de 2016 e só conseguiu voltar ao mercado de trabalho em julho passado. Com a recuperação da renda, voltou a consumir produtos e serviços como antigamente. “Passei por um período em que tive de cortar gastos. Com o novo trabalho, comecei a consumir mais, como fazia em 2016”, disse ela.
O recuo da inflação também estimulou o consumo. No primeiro semestre, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu apenas 1,18%, em boa parte devido à safra agrícola recorde, que permitiu que os preços dos alimentos caíssem, ampliando a capacidade de consumo da população.
Expectativa
Os serviços também foram um dos motores do crescimento no trimestre. O setor cresceu 0,6%, sendo que o comércio registrou expansão de 1,9%. Apesar disso, Núbia Missês, 43 anos, vendedora de produtos domésticos, disse que a procura está “parada”. Segundo ela, o quiosque em que trabalha enfrenta a pior fase desde o início da crise. “Tem dia em que não vendemos uma peça de toalha. Há dois anos, conseguíamos R$ 3 mil todos os dias. Espero que os próximos meses sejam melhores”, disse.
A empresária Elaine Fava, 69 anos, que vende fogões artesanais, afirmou que os resultados ainda não são os ideais, mas espera melhora no segundo semestre. “Nos primeiros seis meses não vendemos muito, mas foi melhorando até junho. Em julho também teve venda razoável, mas agosto foi um mês péssimo. Esperamos um bom número em setembro e tenho confiança que o restante do ano vai ser melhor”, torce a empresária.
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