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03 de Julho de 2017 – 05h20 horas / Estadão

A Petrobrás sinalizou que está disposta a vender gasolina e óleo diesel mais baratos, divulgando uma nova política de preços, que poderão variar diariamente, a partir de segunda-feira (03). Toda vez que a empresa for ameaçada por concorrentes, terá liberdade para apresentar melhor proposta aos clientes. No fim do dia, a estatal ainda anunciou redução de 5,9% no preço da gasolina e de 4,8%, no do óleo diesel.

 

A Petrobrás espera fazer frente à competição com importadores, que, nos últimos meses, se aproveitaram do cenário de preços altos no Brasil para inundar o mercado e roubar vendas da estatal. O nível de utilização das refinarias da petroleira despencou de 84%, no primeiro trimestre de 2016, para 77%, neste ano, segundo o Itaú BBA, que divulgou relatório assinado por Renato Salomone.

 

A adoção de uma política de preços é relativamente nova na Petrobrás. Começou em outubro, após um longo período de subsídio, em que a empresa oferecia combustíveis mais baratos que os do mercado internacional, o que contribuiu para encorpar a dívida da empresa.

 

Ao optar por reajustes mensais, em linha com o mercado externo, a petroleira buscou mostrar que já não segue interesses do governo, mas uma lógica empresarial. Passou a acompanhar as variações das principais bolsas e impôs uma margem de lucro sobre esses valores, que têm servido para recompor o caixa. Mas foi obrigada a rever essa metodologia, diante da concorrência dos importadores.

 

A partir deste dia 3, os preços nas refinarias passam a ser geridos pela área de vendas e não mais pela diretoria, que só será convocada a interferir quando as variações ultrapassarem o limite de 7%, para cima ou para baixo. Nesse momento, diretores vão analisar se vale a pena rever a margem de lucro, considerando a geração de receita prevista no plano de negócios.

 

“Vamos dar os instrumentos necessários para a área comercial, que está próxima do cliente. Combustível é a commodity mais líquida do mundo, ela flutua em segundos. A importação está crescendo, o que significa perda de participação de mercado e de vendas”, afirmou o diretor Financeiro da Petrobrás, Ivan Monteiro.

 

O executivo destacou que, com o baixo nível de utilização das refinarias, sobra para a estatal exportar o petróleo bruto do pré-sal e, com isso, ela deixa de aproveitar as melhores margens dos combustíveis que poderiam ter sido produzidos com esse petróleo. “Vamos visitar os clientes, encantá-los. O presidente, os diretores, como fazíamos no Banco do Brasil”, disse Monteiro, que fez carreira no banco público.

 

Margem. Pelas contas do diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires, até hoje, a gasolina e o diesel da Petrobrás estavam 10% e 16%, respectivamente, mais caros que no mercado internacional. Para ele, a empresa ainda tem gordura para reduzir margens e ganhar competitividade.

 

Ele aposta na tendência de baixa de preços daqui para frente, o que abre espaço para que o governo eleve a tributação incidente sobre os combustíveis.

 

Para os analistas do UBS, Luiz Carvalho e Julia Ozenda, ao alterar sua política de reajustes, a estatal tem outros objetivos. “A Petrobrás está prestes a estabelecer uma ‘política de preços gratuitos’ para avançar com a alienação de suas refinarias e reduzir a futura interferência do governo. ” Monteiro confirmou que a empresa continua estudando o melhor modelo para formar parcerias em refino, com a entrada de sócios privados.


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